O primeiro livro, A Feira das Vaidades (1959), foi apreendido pela PIDE. Nesse mesmo ano lançou a primeira coluna regular de crítica de televisão na imprensa portuguesa. Mas seria com A Funda, série de crónicas coligidas em sete volumes, publicados entre 1972 e 77, que o seu nome entraria por direito próprio na literatura portuguesa.
Artur Portela Filho também escreveu ficção e ensaio. Da vasta bibliografia destaco colectâneas de contos como, entre outras, A Gravata Berrante (1960), Avenida de Roma (1961), Thelonious Monk (1962) e Os Peixes Voadores (2006), romances como O Código de Hamurabi (1962), Marçalazar (1977), História Fantástica de António Portugal (2004), As Noivas de São Bento (2005) e A Guerra da Meseta (2009), a peça de teatro O General (1962), ensaios sobre Eça de Queirós — autor de quem adaptou para teatro A Capital —, Cardoso Pires, artes plásticas e Salazarisno, cultura em ditadura (Salazarismo vs Franquismo), investigação histórica sobre os anos 1930 na Espanha franquista e na Itália fascista, ética jornalística, etc., além das famosas crónicas dispersas pelo Jornal do Fundão, Diário de Lisboa, República, A Capital, Portugal Hoje, A Luta, O Jornal, TSF, etc., que fizeram dele um nome de referência. Na imprensa, ninguém escrevia como ele. Infelizmente, a sua heterodoxia não fez escola. O Novo Conde de Abranhos (1971) e O Regresso do Conde de Abranhos (1976) são sátiras violentas ao Estado Novo (a primeira) e ao PREC (a segunda).
Filho do jornalista do mesmo nome, cresceu numa família de intelectuais. Eleito pela Assembleia da República, foi presidente da Alta Autoridade para a Comunicação Social. Membro da candidatura de Humberto Delgado, activista da CDE (1969), antifascista e anticomunista, Artur Portela Filho sofreu o ónus de pensar e escrever sempre contra o ar do tempo. Tinha 83 anos.
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