Olivia de Havilland, última sobrevivente do star system, morreu hoje na sua casa do Bois de Boulogne, em Paris. Tinha 104 anos.
Para a minha geração, Ms Havilland será sempre Melanie Hamilton, a seráfica rival de Scarlett O'Hara na luta por Ashley Wilkes. Sim, falo de E Tudo o Vento Levou, o épico de Victor Fleming que há mais de 80 anos emociona milhões de pessoas em todo o mundo, agora em plataformas de streaming. O mês passado, em nome da political correctness, a HBO retirou o filme do catálogo americano. Mas já o repôs, com uma introdução paternalista de Jacqueline Stewart. Durante quatro minutos e meio, a professora da Universidade de Chicago explica que o filme de 1939 ilustra a realidade dos anos 1860 e da Guerra Civil Americana. Olha que novidade.
Tirando o clássico de Fleming, lembro-me de ter visto Lágrimas de Mãe (1946), A Herdeira (1949), A Difamação (1959), Aeroporto 77 (1977) e, em televisão, a mini-série Roots (1979). Muito pouco, tendo em vista uma carreira de mais de cinquenta filmes. Mas, na geração a que pertencia, as minhas preferidas eram outras.
Nomeada cinco vezes para o Óscar, recebeu dois.
Numa vida pontuada pela discrição, a excepção foi o permanente conflito com sua irmã, a actriz Joan Fontaine.
Imagem: Olivia de Havilland aos 101 anos. Clique.