Vai ser demolido o edifício da Rua Francisco Sanches, em Arroios, onde funcionou in illo tempore o Cinema Imperial. Em seu lugar consta que será construído um hotel.
O desaparecimento dos cinemas-em-edifício-próprio começou há trinta ou mais anos. As últimas duas gerações vêem cinema em casa ou em salas de centro comercial. E a minha geração vai ao Corte Inglês, que ainda consegue juntar uma média de vinte espectadores por sala e por sessão.
Quando deixei Cascais (onde em 1975 havia seis cinemas e em 1997 não havia nenhum) e vim viver para Lisboa, ia todas as semanas ao Quarteto, ao Londres e ao King. O Quarteto fechou em Novembro de 2007. O Londres e o King fecharam ambos em 2013, o primeiro em Fevereiro, o segundo em Novembro. Denominador comum: eu era, por regra, um de três espectadores. E em várias estive sozinho na sala. Falo de sessões da tarde. À noite não experimentei, mas amigos relatam experiências iguais.
O Quarteto é hoje um condomínio de startups, o Londres é uma loja chinesa, e o King parece estar sem utilização. Quem deixou morrer esses cinemas foram as pessoas que durante anos a fio não puseram lá os pés.
Sobrevivem o São Jorge, porque a Câmara de Lisboa, via EGEAC, gere a sua programação; o Tivoli, porque o BBVA patrocina a exibição de peças com actores brasileiros; e o Império, porque a Igreja Universal do Reino de Deus fez dele uma catedral.
É a vida.
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