terça-feira, 4 de junho de 2019

O ANO DO CENTENÁRIO


Passam hoje 41 anos sobre a morte de Jorge de Sena (1919-1978), figura maior da Literatura portuguesa de todos os tempos. Sena morreu em Santa Bárbara (Califórnia), com 58 anos. Os restos mortais foram trasladados para Lisboa em Setembro de 2009.

Em Novembro próximo passam cem anos do seu nascimento. Mas a Academia exonerou-se de assinalar a data com o congresso internacional que lhe é devido.

Como escrevi nas minhas memórias, «Sena teve o destino dos exilados: morrendo longe, a pátria assobiou para o lado. A imprensa da época encheu primeiras páginas com artigos de fundo e retratos. [...] Mas o foguetório durou pouco. Sena veio a Portugal pela última vez a convite de Eanes, para as cerimónias do 10 de Junho de 1977. Mas nem a democracia o livrou dos anticorpos. A universidade portuguesa, sempre generosa com os tolos, foi incapaz de lhe oferecer um lugar. Pior: o establishment boicotou essa possibilidade

Seria pleonástico sublinhar a importância de Sena na poesia, na ficção (conto, novela e romance), no teatro, no ensaio, na teoria e crítica literária, nos estudos camonianos, na exegese pessoana, na historiografia literária, na diarística, nos mil e um prefácios de livros próprios e alheios, na correspondência, nas traduções, etc. Sena atingiu um patamar que condena à irrelevância a larga maioria das glórias nacionais.

Na imagem, Sena retratado (em 1949) por Fernando Lemos. Clique.