Hoje na Sábado escrevo sobre Viagens, da escritora polaca Olga Tokarczuk (n. 1962). Famosa no seu país, ganhou notoriedade planetária quando, em 2018, a tradução em língua inglesa venceu o Man Booker Internacional. O livro é de 2007, mas só agora chegou ao vasto mundo. Trata-se de uma compilação de fragmentos narrativos, mais de cem, nem todos ficcionais, muitos factuais (sobre a Wikipédia: «o projecto mais honesto que o homem já inventou»), de tamanho variável (vinte palavras, ensaios de várias páginas, verbetes curtos), experiências pessoais ou imaginadas, sobre temas tão diferentes como viagens aéreas, a Bíblia, dança do ventre, Atenas, pensos higiénicos, hotéis de luxo, Cleópatra, aparecimento das espécies, síndromes, Cioran, as reformas de Atatürk, idiossincrasias: «Têm de ir às Caraíbas, forçosamente! Especialmente a Cuba enquanto for governada por Fidel. […] Mas têm de se apressar, porque parece que Fidel está muito doente.» O livro fica a meio caminho entre o diário de apontamentos de um nómada e um almanaque erudito. São Petersburgo, Viena e Berlim fazem parte do guião. Doze mapas intercalam os textos. Duas estrelas. Publicou a Cavalo de Ferro.