Em cima do fim do ano, o meu Best Of 2018. Cinco livros:
A MENTE APRISIONADA / Czeslaw Milosz / Cavalo de Ferro
Poeta notabilíssimo, o polaco Czeslaw Milosz publicou em 1953 um libelo contra o totalitarismo: A Mente Aprisionada. A tradução portuguesa chegou em 2018. Os marxistas não gostaram, os anticomunistas torceram o nariz. Milosz sofreu o ónus de ter razão antes de tempo, mas o futuro corroborou esta obra-prima.
MULHERES LIVRES HOMENS LIVRES / Camille Paglia / Quetzal
Cada novo livro de Camille Paglia é uma provocação. Nessa medida, Mulheres Livres Homens Livres não constitui excepção. Compilação de ensaios (alguns oriundos de outras obras suas) sobre sexo, género, arte e feminismo, apoiados numa vasta erudição e no total desprezo pela mentalidade dominante. Imprescindível.
MRS. OSMOND / John Banville / Relógio d’Água
Se a ficção jamesiana é um paradigma de excelência, John Banville chegou lá. Num exercício arriscado, Mrs. Osmond prolonga Retrato de Uma Senhora, o clássico de 1881. James fez a transição do romance vitoriano para o modernismo, e Banville, dialogando de igual para igual, faz com brilho o caminho de volta.
O MUNDO GAY DE ANTÓNIO BOTTO / Anna M. Klobucka / Documenta
Ler Botto sob enfoque queer foi o que fez Anna M. Klobucka com O Mundo Gay de António Botto. Estudo inédito de um poeta que, nos anos 1920, impôs em língua portuguesa a poesia de índole homossexual, mergulha na biografia do autor, sem esquecer celeumas, o patrocínio de Pessoa, o exílio no Brasil e os delírios de uma personalidade errática.
PÁTRIA / Fernando Aramburu / Dom Quixote
O terrorismo associado ao independentismo basco ilustra um dos períodos negros da História de Espanha. No mais recente dos seus romances, Pátria, o espanhol Fernando Aramburu expõe de forma crua a vaga de assassinatos perpetrados pela esquerda abertzale. Isento de ênfase, o livro vai fundo no escalpe da realidade.