terça-feira, 23 de outubro de 2018

ERDOGAN & KHASHOGGI

Hoje mesmo, dia em que começou a cimeira económica de Riade (versão superlativa do Forum de Davos), Erdogan foi ao Parlamento turco falar sobre o assassinato de Jamal Khashoggi:

«Os serviços de segurança turcos têm provas de que foi um assassinato político premeditado, meticulosamente planeado, executado de forma selvagem. [...] Não duvido da sinceridade do rei Salman. Mas é necessária uma investigação independente, com a participação de vários países. [...] A Turquia e o mundo só ficarão satisfeitos quando os responsáveis superiores e todos os intervenientes directos forem responsabilizados

Não passou despercebida a vénia ao rei saudita. Mohammed bin Salman, o príncipe herdeiro que governa o reino, nunca foi mencionado, mas já toda a gente percebeu que foi ele o cérebro da operação.

É extraordinário ver o Presidente turco tão empenhado no esclarecimento da morte de Khashoggi. Porque, desde a tentativa de golpe de Estado em Julho de 2016, a Turquia mantém presos mais de cem jornalistas (seis foram condenados a prisão perpétua), encerrou jornais, e tem controlo férreo sobre os media e as redes sociais. A explicação de que seria amigo de Khashoggi é curta.

Entretanto, vários países (os Estados Unidos, a França, a Alemanha, a Holanda e o Reino Unido) cancelaram a sua participação na cimeira económica de Riade, uma iniciativa do príncipe Mohammed bin Salman.