Desde 9 de Janeiro, dia em que Francisca Van Dunem defendeu na TSF a eficácia de mandato único para o cargo de Procurador-Geral da República, a Direita entrou em ebulição. A carta que Passos Coelho publicou ontem à noite no Observador faz a síntese do desapontamento de quantos, nos últimos oito meses, fizeram da recondução de Joana Marques Vidal o turning point do Governo.
Marcelo não pode ceder a Costa, repetiram dirigentes nacionais e apparatchik locais do PSD e do CDS, articulistas encartados, comentadores avençados e eurodeputados metediços. Não houve cão nem gato que não defendesse a continuação de Joana Marques Vidal, titular do cargo desde 2012. Marques Mendes, o oráculo do regime, afiançou que o assunto estava arrumado. Sábado passado, o Expresso fez manchete de uma fake new estridente. Nas audiências feitas pela ministra da Justiça aos partidos com representação parlamentar, Catarina Martins e Jerónimo de Sousa também se manifestaram a favor da recondução de Joana Marques Vidal.
No centro do furacão, o primeiro-ministro escolheu Lucília Gago, comunicou a escolha ao Presidente da República, foi a Angola, veio a Lisboa trocar os jeans Paul Smith pelo fato Huntsman & Sons (Savile Row) e, sem perder a compostura, partiu para a cimeira da UE em Salzburgo.
Mas, quem ler hoje os jornais da manhã, fica com a sensação de que não aconteceu nada.