sábado, 9 de junho de 2018

DA FAMA

O foguetório mediático é um ersatz medíocre do reconhecimento crítico. Escrevi sobre isto mais de uma vez. Por isso, continua a surpreender-me o número dos meus pares que, já não tendo 18 anos, sofrem com a desatenção dos media. Não vale a pena. Já não valia no tempo em que uma plêiade de jornalistas culturais (Alexandra Lucas Coelho, Ana Marques Gastão, António Mega Ferreira, Clara Ferreira Alves, Fernando Assis Pacheco, Fernando Dacosta, Francisco Belard, Francisco José Viegas, Isabel Coutinho, Luís de Miranda Rocha, Maria Augusta Silva, Tereza Coelho) honrava o métier e, por maioria de razão, agora que o jornalismo cultural foi extinto. Este agora tem 20 anos. A importância do foguetório mediático traduz-se na inconfidência que passo a relatar.

Sendo obrigado, todos os anos, a desfazer-me de livros para os quais não tenho espaço em casa, encaminho-os para instituições de solidariedade social. Um dos critérios de escolha assenta em desfazer-me de obras que os jornais, e alguns intelectuais públicos, em determinada altura, consideraram fundadores de uma nova literatura. Terá sido aí que nasceu o termo incontornável. Encheram-se páginas broadsheet com retratos e loas. Lixo. Nenhum daqueles livros acrescentou nada. E o espaço faz-me falta.