sexta-feira, 27 de abril de 2018

BDSM


A esquizofrenia talvez explique o súbito fascínio dos media portugueses por Yanis Varoufakis, o homem que mergulhou a Grécia no estado em que se encontra. Sejamos claros: foi a sua actuação desastrosa, um compósito de atrabílis, pose e nonsense, que deu azo à intolerância da UE, do BCE e do FMI. Alvo de desprezo e chacota por parte de largos sectores da opinião pública europeia, Varoufakis saiu pela esquerda baixa ao fim de cinco meses como titular das Finanças. Tivesse ele tido tomates para impor a solução que em 2015 esteve por um triz, ou seja, a saída da Grécia da moeda única, e teria legitimidade para dizer os disparates que diz. Continuavam a ser disparates, mas proferidos por alguém com autoridade. Enquanto os gregos sofrem toda a sorte de restrições, Varoufakis renunciou em 2015 ao lugar de deputado (o circuito Helena Rubinstein dá outra tusa). Incapaz de perceber a solução portuguesa, atordoado com o facto de Centeno presidir ao Eurogrupo, constrói narrativas paroxísticas para caucionar fantasias. Os seus aliados portugueses bem podem limpar as mãos à parede.