Não sendo uma surpresa para os mais próximos, a morte de Armando Silva Carvalho, ocorrida esta manhã, no Hospital Particular Montepio Rainha D. Leonor, nas Caldas da Rainha, representa um duro golpe na vida literária portuguesa. Poeta, ficcionista e tradutor, deixou uma obra ímpar, de que destacaria Armas Brancas (1977), Técnicas de Engate (1979), Alexandre Bissexto (1983), Lisboas (2000), um dos mais importantes livros de poesia portuguesa do século XX, O Amante Japonês (2008) e A Sombra do Mar (2016), seis títulos que dão a medida do fulgor da sua poesia. Mas também Portuguex (1977), narrativa singularíssima que passou incólume entre os holofotes da desatenção nacional.
Publicado em 2007, O Que Foi Passado a Limpo colige os doze livros de poesia que publicou entre 1965 e 2001. Como a Obra não parou nesse ano, uma reedição acrescentada dos livros posteriores seria bem-vinda. Armando Silva Carvalho exerceu advocacia, foi professor do ensino secundário e publicitário. Entre outros, traduziu Beckett, Voznesensky, Genet, Mallarmé, Cummings e a Duras, bem como a correspondência trocada entre Rilke, Pasternak e Marina Tsvétaïeva. Os livros publicados entre 1965 e 1983 foram assinados Armando da Silva Carvalho. Com Maria Velho da Costa, foi co-autor de um curioso livro de memórias oblíquas, O Livro do Meio (2006). Colaborou extensamente na imprensa e recebeu todos os prémios que havia para receber. Agora acabou. Tinha 79 anos. Até sempre, Armando!