Assinalando os 40 anos da chacina contra os nitistas ou, se preferirem, contra a Revolta Activa, tragédia que passou à História como «o 27 de Maio», o Expresso dedica oito páginas ao assunto. Sita Valles, em corpo inteiro, é capa da revista. O trabalho inclui depoimentos de vários sobreviventes, bem como o excerto de um discurso de Agostinho Neto. O texto não omite pormenores macabros, nem o previsível número de vítimas, nunca inferior a 30 mil pessoas: «A Amnistia Internacional estima um intervalo entre 20 mil e 40 mil [...] a Fundação 27 de Maio apontou para 80 mil desaparecidos.» O livro dos historiadores Dalila Cabrita Mateus e Álvaro Mateus é citado de raspão. O que me faz confusão é nenhum dos autores se ter lembrado de citar o nome do ministro responsável pela polícia política, a DISA, nem a ominosa Comissão das Lágrimas e principais inquiridores. O que não falta é bibliografia atinente. Também omite a prisão (e vamos ficar por aqui) de Maria da Luz Veloso, secretária pessoal de Agostinho Neto. Porquê?