domingo, 11 de setembro de 2016

QUINZE ANOS


A Terceira Grande Guerra começou faz hoje quinze anos. Eram 13:46 em Lisboa quando Nova Iorque, sítio entre todos improvável, sofreu o grande embate. O 11 de Setembro de 2001 mudou as nossas vidas para sempre. Quem nasceu depois terá dificuldade em perceber como era dantes. Transcrevo do meu livro de memórias:

«No 11 de Setembro o Jorge estava de baixa. Eu fui trabalhar. Nesse dia, almocei com duas amigas numa esplanada da Alexandre Herculano. [...] Quase no fim do almoço, o telemóvel tocou. Era o Jorge — “Um avião chocou com uma das Torres Gémeas.” Às 13.57 a notícia não impressionou. O que podia um avião contra o WTC? Novo telefonema, passados poucos minutos — “Mais um. Acaba de chocar com a outra torre. Estão a dar em directo.” Os profiteroles ficaram no prato. Eu e as minhas amigas corremos para o metro. Entrei em casa no preciso momento em que a SIC repetia o segundo embate. A imagem provocou ansiedade, tensão e atrito. Os telefones não paravam. O ataque ao Pentágono não permitia duas leituras. A América estava a ser atacada. Um quarto avião despenhou-se num campo da Pensilvânia, perto de Shanksville, antes de alcançar o Capitólio. Saberemos mais tarde que por acção directa dos passageiros. O voo 93 da United Airlines entrava na lenda. Bush desapareceu a bordo do Air Force One enquanto centenas de corpos saltavam para o vazio. Com um fragor sem precedentes, as torres colapsaram com vinte e nove minutos de intervalo, primeiro a torre Sul (a segunda a ser atacada), depois a torre Norte. Arrastaram com elas vários edifícios, incluindo o Winter Garden. Quando uma onda de gases, detritos e fumo engoliu a baixa de Manhattan [...] soubemos que o mundo tal como o conhecíamos tinha acabado naquele momento.» — Eduardo Pitta, Um Rapaz a Arder, Quetzal, 2013.

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