sexta-feira, 24 de junho de 2016

BREXIT, NOTAS SOLTAS

O Brexit venceu, mas 16 milhões de britânicos preferiam continuar na UE. Dá que pensar.

Apesar do mau tempo, com chuva torrencial em várias zonas do país, a participação no referendo ultrapassou a das eleições gerais do ano passado: 72,2% dos britânicos foram votar. A abstenção foi portanto de 27,8%. O Brexit venceu na Inglaterra (embora não em Londres) e no País de Gales. O Bremain venceu na Escócia e na Irlanda do Norte. Nicola Sturgeon, primeira-ministra da Escócia, vai propor um novo referendo à independência da Escócia. Entretanto, para acalmar os mercados, o Banco de Inglaterra vai injectar no mercado, ainda hoje, 250 mil milhões de Libras esterlinas.

Por volta das 8 da manhã, Cameron fez um proclamação dramática à porta do n.º 10 de Downing Street. Não está, disse ele, em condições de negociar com a Comissão Europeia a saída do país. Portanto, demite-se. Mas só em Outubro... É isso que irá dizer à rainha. Até lá, o partido que escolha um sucessor. Não estou a ver Boris Johnson a entrar no jogo. No Reino Unido, a mudança de PM não implica eleições prévias: Thatcher foi substituída por John Major num fim-de-semana (e só a avisaram na segunda-feira), e Blair por Gordon Brown mediante acordo entre as partes. Cameron, já se viu, acomodou-se aos hábitos continentais, mas Boris não lhe vai fazer a vida fácil.

Parece claro que o Labour de Jeremy Corbyn esteve do lado do Bremain para não ficar colado ao UKIP. Sem Farage, teria feito campanha pelo Brexit. O próprio Corbyn manteve uma eloquente parcimónia até ao assassinato de Jo Cox.

Sobre o futuro dos portugueses residentes no Reino Unido, suponho que não haverá sobressaltos. Salvo os que conseguiram obter nacionalidade britânica, e um punhado de colunáveis insuficientes para encherem o Artesian (o elegante bar de Regent Street), nós nunca fomos considerados cidadãos europeus. Os que lá estão vão continuar a ser imigrantes. Ponto.