Leitores e críticos fazem outra pontaria. Nem uns nem outros adivinham que o sujeito deste poema de 1984 é minha Mãe, aqui fotografada no dia em que fez 78 anos (1998), com o nosso Tonecas ao colo. Clique na imagem.
Houve ali um rosto
muito belo, mal disfarçado
na teia geométrica
de uma finíssima máscara.
Sulcos de um antigo
ardor.
Tranquilo e arbitrário
desapego.
A luz baixou tanto.
Aquele rosto é
um mapa: um mapa
crivado de cidades saqueadas.
Eduardo Pitta, Desobediência. Poemas escolhidos — Dom Quixote, 2011.