quarta-feira, 25 de novembro de 2015

JOÃO SOARES


Em reacção ao destempero das redes sociais assim que foi conhecida a indigitação de João Soares para ministro da Cultura do futuro Governo, destempero que traduz a decepção das claques dos vários “candidatos” ao lugar, publiquei ontem no Facebook o texto que a seguir republico. Não conheço João Soares a não ser de o ver na televisão, e raramente estou de acordo com as suas posições, mas li vários dos livros que a Perspectivas & Realidades publicou, e acompanhei o percurso na Câmara de Lisboa, primeiro como vereador da Cultura (cinco anos), depois como Presidente (sete anos). Isso basta.

Uma mistura de ignorância, má-fé e ressabiamento fez com que muita gente escrevesse disparates. Hoje, até um jornal tido como de referência se permite inquirir, na primeira página, sobre os conhecimentos de João Soares. Vamos então explicar como se tivessem todos dois anitos.

Aqui vai:

Vai por aí um grande alarido com a nomeação de João Soares para ministro da Cultura. Eu não gosto de ministros (ou secretários) da Cultura. Não descobri isso hoje. Quem lê o meu blogue sabe que escrevo sobre o assunto há mais de dez anos. Entendo que num Estado democrático a Cultura não tem que ser dirigida. Devia haver dois grandes Institutos, com autonomia financeira e política, um virado para as Artes, outro para o Património. Ponto.

Isto dito, uma vez que os costumes são o que são, não percebo o espanto com João Soares, que é editor desde 1975, tendo publicado Orwell, Cesariny, Raul Brandão, etc. Não ficou por aí. Por exemplo, quando foi (1990-1995) vereador da Cultura da CML, criou a Videoteca de Lisboa, a Casa Fernando Pessoa, o Arquivo Fotográfico Municipal e o Teatro-Estúdio Mário Viegas. Além de, convém lembrar, ter criado as condições para que Lisboa fosse, em 1994, a Capital Europeia da Cultura. Mais tarde, enquanto Presidente da Câmara de Lisboa (1995-2002), a Cultura esteve sempre no centro dos seus interesses. As pessoas esquecem-se com facilidade.

Adenda: pelos vistos não estou sozinho. Ana Bacalhau, António Mega Ferreira, Diogo Infante, Francisco José Viegas, Inês de Medeiros, Isabel Pires de Lima, Joana Vasconcelos e Paulo Branco (entre outros), também elogiam a escolha de João Soares.