sábado, 21 de setembro de 2019

TOP CEM


Foi hoje publicada no Guardian a lista dos cem melhores livros do século XXI. Enfim, até ao momento.

Inclui ficção, poesia, romance histórico, memórias, crónica, ensaio e História. Obras escritas em várias línguas, incluindo espanhol, mas nenhuma em português.

Não posso estar mais de acordo com o 1.º lugar — Wolf Hall de Hilary Mantel. Ms Mantel é inglesa e nasceu em 1952. O livro, primeiro volume da trilogia Thomas Cromwell, foi publicado em 2009. Está traduzido em Portugal.

Destes cem, li trinta e três, tendo escrito sobre quase todos:

— WOLF HALL, Hilary Mantel, 2009 [1]
— GILEAD, Marilynne Robinson, 2004 [2]
— O FIM DO HOMEM SOVIÉTICO, Svetlana Alexievich, 2012 [3]
— AUSTERLITZ, W.G. Sebald, 2001 [5]
— OUTONO, Ali Smith, 2016 [8]
— A AMIGA GENIAL, Elena Ferrante, 2011 [11]
— A CONSPIRAÇÃO CONTRA A AMÉRICA, Philip Roth, 2004 [12]
— CORRECÇÕES, Jonathan Franzen, 2001 [16]
— THE ROAD, Cormac McCarthy, 2006 [17]
— O DEMÓNIO DA DEPRESSÃO, Andrew Solomon, 2001 [23]
— PESSOAS NORMAIS, Sally Rooney, 2018 [25]
— O CAPITAL NO SÉCULO XXI, Thomas Piketty, 2013 [26]
— ÓDIO, AMIZADE, NAMORO, AMOR, CASAMENTO, Alice Munro, 2001 [27]
— RAPTURE, Carol Ann Duffy, 2005 [28]
— A MORTE DO PAI, Karl Ove Knausgaard, 2009 [29]
— A CONTRALUZ, Rachel Cusk, 2014 [34]
— A LEBRE DE OLHOS COR DE ÂMBAR, Edmund de Waal, 2010 [35]
— EXPERIÊNCIA, Martin Amis, 2000 [36]
— A LINHA DA BELEZA, Alan Hollinghurst, 2004 [38]
— O ANO DO PENSAMENTO MÁGICO, Joan Didion, 2005 [40]
— EXPIAÇÃO, Ian McEwan, 2001 [41]
— OS NÍVEIS DA VIDA, Julian Barnes, 2013 [45]
— HUMAN CHAIN, Seamus Heaney, 2010 [46]
— WHY BE HAPPY WHEN YOU COULD BE NORMAL?, Jeanette Winterson, 2011 [49]
— BROOKLYN, Colm Tóibín, 2009 [51]
— A VERDADEIRA HISTÓRIA DO BANDO DE NED KELLY, Peter Carey, 2000 [53]
— WOMEN & POWER, Mary Beard, 2017 [54]
— PÓS-GUERRA, Tony Judt, 2005 [58]
— LEITE MATERNO, Edward St Aubyn, 2006 [62]
— O FIEL JARDINEIRO, John le Carré, 2001 [68]
— LOS ENAMORAMIENTOS, Javier Marías, 2011 [69]
— O CUSTO DE VIDA, Deborah Levy, 2018 [84]
— CRÓNICAS, Bob Dylan, 2004 [95]

Entre parêntesis rectos, o lugar ocupado na lista do Guardian.

Nestes cem, a minha primeira meia dúzia é constituída por Hilary Mantel, Edward St Aubyn, John le Carré, Edmund de Waal, Philip Roth e Julian Barnes. O sétimo magnífico é Tony Judt, mas parece-me bizarro comparar História com outros géneros. O mesmo se diga do livro de Thomas Piketty.

É muito estranha a ausência de John Banville e Joyce Carol Oates.

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quinta-feira, 19 de setembro de 2019

DOWNTON ABBEY


É um conto de fadas, sim, mas é disso que precisamos. Downton Abbey, o filme, são duas horas de pura magia.

Quem acompanhou as seis temporadas da série televisiva, vai gostar de reencontrar Maggie Smith, Allen Leech, Penelope Wilton, Robert James-Collier, Michelle Dockery, Hugh Bonneville, Laura Carmichael, Jim Carter e tantos outros. Há caras novas: Geraldine James como Queen Mary e Simon Jones como Jorge V (os soberanos que passam uma noite em Downton Abbey), Imelda Staunton como aia da rainha (e prima do conde de Grantham, o senhor da casa), Perry Fitzpatrick, valet do rei e homossexual, etc.

O guião de Julian Fellowes, criador da série e do filme, tem um subtexto que, lido com atenção, questiona a monarquia. A excelente notícia é que manteve as picardias entre Maggie Smith e Penelope Wilton. Fotografia e guarda-roupa deslumbrantes.

Não é uma obra-prima. É apenas um filme muito bem feito, enternecedor, que deixa suficientes pontas soltas para uma mais que provável sequela. Assim aconteça.

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O ABSURDO ULULANTE


Justin Trudeau, primeiro-ministro do Canadá, tinha 29 anos em Março de 2001 (o pai exercia o cargo de primeiro-ministro pela segunda vez). Naquele distante 2001, Justin compareceu a um baile de gala organizado pela West Point Grey Academy, de Vancouver, a universidade privada onde leccionava. Tendo como tema as Noites Árabes, Justin mascarou-se de Aladino para o baile: turbante e túnica, não se esquecendo de pintar o rosto, o pescoço e as mãos de castanho-chocolate.

A foto, que consta no anuário de 2001 da West Point Grey Academy, foi agora divulgada ao vasto mundo pela revista Time.

Em nome da insânia que varre o Ocidente, Justin viu-se obrigado a pedir desculpas públicas: «Eu não o devia ter feito. Devia saber que era uma manifestação de racismo. Sinto e lamento profundamente. Na época não era uma atitude racista, mas agora percebemos que sim.» Que disparate!

Não foi o primeiro. Vários políticos americanos (como o governador da Virgínia e a governadora do Alabama) também se retrataram por, na juventude, terem-se mascarado de negros.

Quando tinha 8 anos, oito, também me mascarei de índio, tal como outros se mascaram de Luís XIV ou de Cleópatra. Pedir desculpas por uma brincadeira? Anda tudo doido? Ou estão com saudades do totalitarismo?

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quarta-feira, 18 de setembro de 2019

ESPANHA EM TRANSE

Espanha volta às urnas no próximo 10 de Novembro. Duas eleições gerais no espaço de seis meses e meio dão a medida de quão nefastas são as maiorias precárias. Nos últimos quatro anos, os espanhois votaram quatro vezes em eleições gerais, além das autonómicas, das autárquicas e das europeias.

As eleições do passado 28 de Abril tinham tudo para correr bem: a abstenção foi apenas de 28% e o PSOE foi o partido mais votado. Mas os 123 deputados eleitos não são suficientes para a maioria absoluta (175). Como os pequenos partidos regionais não se opõem à investidura de Sánchez, só o PODEMOS podia desatar o nó-górdio.

Exigiu para tanto ter gente sua no Governo. Sánchez recusou. Alguns lugares de director-geral e de assessores de gabinete era tudo quanto estava disposto a ceder em troca de apoio parlamentar. Iglesias esticou demasiado a corda e vai perder deputados em Novembro, passando, provavelmente, de 4.º para 5.º partido.

Os espanhois estão fartos de tanta irresponsabilidade e não me admirava nada que o nível da abstenção desse a vitória à Direita.

terça-feira, 17 de setembro de 2019

CLASSES MÉDIAS


A ver se é desta que percebo o que são As Classes Médias portuguesas.

Os autores já escreveram sobre Os Burgueses (2014) e As Classes Populares (2017). Já só faltam As Classes Altas.

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segunda-feira, 16 de setembro de 2019

PITAGÓRICA


Sondagem da PITAGÓRICA divulgada hoje pelo Jornal de Notícias e a TSF.

PS = 39,2% / PSD = 23,3% / BE = 10% / CDU = 7,7% / CDS = 5,6% / PAN = 3,2%

O PS obtém mais 15,9% que o PSD.

Maioria de Esquerda = 56,9%. Juntando o PAN, seriam 60,1%.

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RIO VS PASSOS

Vi ontem o debate entre Catarina Martins e Rui Rio. Ambos falaram em português, ignorando a língua de pau associada a estes rituais.

Mas não é o debate que me interessa. Continuo sem perceber a má-vontade generalizada contra Rio. Por sua causa, dizem, o PSD terá estagnado em 22 ou 23%. Mas com Passos Coelho chegaria no mínimo aos 30%. É um mistério.

Eu lembro-me. Apoiado por uma clique de economistas que hoje não dão um pio (o catastrofismo de Medina Carreira e do pessoal menor que fazia coro deu azo à vitória do PSD em 2015), Passos liderou uma coligação apostada em rasurar o 25 de Abril.

A tentativa gorada de alterar a Constituição, a doutrina do ir além da Troika (Catroga foi o Richelieu de serviço), a introdução da CES em todas as pensões, a sobretaxa de IRS, o brutal aumento da carga fiscal, o corte das pensões de reforma e aposentação, o corte de rendimentos dos funcionários públicos (mais horas de trabalho, doze salários por ano em vez de catorze), os cortes no Rendimento Social de Inserção, as privatizações a favor dos seus (como se viu na TAP e nos Correios), o congelamento de carreiras na Função Pública, o vale-tudo no arrendamento urbano consignado na Lei Cristas, o desinvestimento em obras públicas, a tentativa de privatizar a RTP, a tentativa de estabelecer um tecto para as pensões de sobrevivência, a tentativa de aumentar a TSU dos trabalhadores diminuindo a dos patrões, etc., tudo isso Passos fez, ou teria feito sem o travão do Tribunal Constitucional. Aparentemente, é disso que o povo do PSD gosta.

Isso explica a idolatria por Passos em detrimento da atrabílis contra Rio? O PSD não merece mais que 18 ou 19% (nada mau), mas a responsabilidade é do gang que apoiou Passos, não me parece que seja de Rio.

domingo, 15 de setembro de 2019

O GOLPE DA TSU


Lembram-se da manifestação de 15 de Setembro de 2012 contra o pretendido aumento da TSU?

Passos & Gaspar queriam aumentar a TSU dos trabalhadores de 11 para 18% e, em simultâneo, reduzir a dos patrões de 23,75% para 18%.

O país teve um assomo de indignação, Manuela Ferreira Leite disse em directo na televisão que tencionava aderir ao protesto, cerca de um milhão de pessoas encheu as ruas de Lisboa que vão da Praça José Fontana ao topo do Parque Eduardo VII (com passagem pelo Saldanha e pela Praça de Espanha), o grupo de 500 ou 600 manifestantes que prolongou a marcha até São Bento foi agredido pela polícia de choque — a noite começou com dezenas de cabeças partidas —, o Governo PSD/CDS esteve à beira de implodir, e até consta que Gaspar pôs o lugar à disposição. A medida foi congelada.

Hoje estou convencido que fomos todos manipulados. O que veio a seguir não foi tão “espectacular”, mas a doutrina do empobrecimento das classes trabalhadoras adequou-se a novas formas de cinismo.

Faz hoje sete anos. Eu estive lá e não esqueci.

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O TEMPLO


Abre hoje ao culto, em Moscavide, o novo templo mómone de Lisboa, ou seja, a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Estes ao menos não ocuparam nenhum teatro. Fizeram um templo de raiz e limparam a área circundante.

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