sexta-feira, 16 de março de 2018

EUROSONDAGEM


Maioria de Esquerda = 56,5%. Sozinho, o PS ultrapassa o PSD em 13,1% (e a PAF em 6,5%). A popularidade de António Costa e a aceitação do Governo continuam a subir. Rui Rio fez subir o PSD, o que não acontecia desde Outubro de 2015. Clique na imagem do Expresso para ler melhor.

LAMBDA


Em 2014, quando Moçambique substituiu o Código Penal de 1886 pelo actual, a homossexualidade, a prostituição e o aborto (até à 12.ª semana de gestação) deixaram de ser crime. Isso é História. O que eu não sabia, por uma daquelas distracções sem sentido, era que Moçambique tem uma associação de defesa dos direitos LGBT — a LAMBDA: Associação Moçambicana para a Defesa das Minorias Sexuais —, que publica a revista Cores. Nada disto teria sido possível durante os anos do terror maoísta (1975-1993), mas as coisas mudaram, felizmente para melhor.

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quinta-feira, 15 de março de 2018

HUGO MEZENA


Hoje na Sábado escrevo sobre Gente Séria, estreia de Hugo Mezena (n. 1983) no romance. É bom ler um primeiro romance esgalhado em prosa desenvolta. Frases enxutas, e em regra curtas, mergulham o leitor no seio de uma família em ambiente rural. Isenta de retórica, a intriga flui com naturalidade. Nenhum malabarismo semântico belisca o discurso: «Talvez o avô Jorge tenha começado a ficar senil no dia em que andou aos gritos pela casa.» Tendo boa noção dos tempos do discurso, bem como do efeito de distanciação, o narrador evita todo o tipo de enxúndia. A literalidade tem os seus óbices, mas é sempre preferível a metáforas patetas. Hugo Mezena não está sozinho na descrição da vida e hábitos rurais. Tiago Patrício, autor da mesma geração, dissecou esse peculiar universo em dois romances bem conseguidos. Contudo, o autor de Gente Séria tem a seu favor a ausência de ademanes ‘poéticos’. Dizer as coisas como elas são poderá não ser amável, mas tem o mérito da exactidão: «Quando cuspia do pátio para o quinteiro, o avô esforçava-se para acertar com os escarros uns em cima dos outros.» A história do narrador é contada por interposta família, dando a ler uma espécie de romance de formação aleatório. Não me parece despicienda a ideia de flashback contínuo, ou mesmo de romance-em-pretérito. Tudo aconteceu já. Narração autodiegética, portanto. Sem rodeios, os factos sucedem-se com meridiana clareza. Sirva de exemplo o estimulante episódio do autocarro: aos 17 anos, no Porto, joelho contra joelho de uma rapariga, o tio Alexandre excita-se com a possibilidade de sexo rápido. A fantasia não tem pés para andar e, com a braguilha a rebentar, o rapaz acaba na cama de uma balzaquiana da Foz, «uma mulher que sabia aquilo em que um homem pensava e deixava tudo isso acontecer. […] Uma mulher sem princípios.» Em dois andamentos, o percurso do engate prende o leitor. Infelizmente, pouco comum na ficção recente. Verdade que o autor tem experiência de escrita noutros domínios, isso explica o desembaraço do romance. Com efeito, «Há coisas que não param depois de terem sido postas em movimentoQuatro estrelas. Publicou a Planeta.

quarta-feira, 14 de março de 2018

STEPHEN HAWKING 1942-2018


Stephen Hawking morreu hoje de manhã. Tinha 76 anos. Foi o matemático, físico e cosmologista mais conhecido em todo o mundo, infelizmente pela pior razão: a esclerose lateral amiotrófica de que sofria desde 1963. A doença não o impediu de prosseguir investigações científicas decisivas para a humanidade, dar aulas, escrever dezasseis livros (sendo quatro de literatura para crianças) e participar do álbum The Division Bell (1994), dos Pink Floyd. Como tinha o sonho de experimentar a gravidade zero, a empresa Zero Gravity Corp proporcionou-lhe, em 2007, oito mergulhos parabólicos efectuados num avião especial.

Hawking casou duas vezes e foi pai de três filhos. A primeira mulher, Jane Hawking, professora, manteve uma relação extra-conjugal consentida e escreveu dois livros sobre a sua vida com Hawking. A segunda, Elaine Mason, enfermeira, foi acusada de abuso sobre o marido, mas Hawking não apresentou queixa, preferindo divorciar-se e voltar a privar com Jane, mãe dos seus filhos. Cinco dos seus livros, entre eles Breve História do Tempo (1988) e O Universo Numa Casca de Noz (2001), estão editados em Portugal pela Gradiva.

terça-feira, 13 de março de 2018

TILLERSON SAI


Trump anunciou há pouco, no Twitter, a substituição de Rex Tillerson por Mike Pompeo. O director da CIA vai ocupar o lugar de Secretary of State (ministro dos Negócios Estrangeiros), o mais importante da administração americana, num momento particularmente crítico da política internacional. Eu e Pompeo estamos sempre na mesma onda, disse o Presidente, para justificar a súbita escolha. Entretanto, Gina Haspel substituirá Pompeo à frente da CIA. Tillerson, 66 anos, amigo pessoal de Putin, é um influente homem de negócios, identificado com a ala moderada dos Republicanos, Chairman e CEO da ExxonMobil até entrar para a Casa Branca. Pompeo, 54 anos, é um falcão do Tea Party. Está tudo dito.

FRAUDE

Afinal não é só parolice. É mesmo fraude. Feliciano José Barreiras Duarte, secretário-geral do PSD, não ficou pelo CV e pelas badanas dos livros. No relatório sobre a actividade profissional (v.g. tese de mestrado) que apresentou, em 2014, à Universidade Autónoma de Lisboa, visando obter o grau de Mestre em Direito, na variante de ciências jurídicas e políticas, também refere o título de “visiting Scholar” da UC Berkeley, cargo que ocuparia desde 2009. Sabemos hoje que é mentira. Busílis suplementar: existe um documento falso.

Como escreve Nuno Garoupa no Facebook: «[...] Trata-se, portanto, de algo objetivamente falso. Terceiro, nos termos do que foi noticiado, Berkeley diz que nem visiting scholar foi. Evidentemente deve ser investigado pelo MP o dito documento. E com consequências potencialmente muito desagradáveis. Inclusivamente para o grau de mestre

O link para o CV de Barreiras Duarte pode ser consultado em vários murais do FB.

A todas estas, Rui Rio põe um ponto final: Já foi corrigido. Então ficamos assim.

segunda-feira, 12 de março de 2018

HUBERT DE GIVENCHY 1927-2018


Givenchy morreu no sábado, dia 10, mas só hoje a notícia foi divulgada pelo seu companheiro, o estilista Philippe Venet. Tinha 91 anos. Consta que Givenchy e Venet terão casado já este ano. Oriundo da nobreza francesa, Hubert James Marcel-Taffin de Givenchy fez de Audrey Hepburn, a partir de 1953, o ideal da mulher elegante. Foi ela aliás quem lançou o seu primeiro perfume, L’Interdit. Os dois foram grandes amigos até à morte da actriz. Givenchy era o costureiro preferido de algumas das mulheres mais carismáticas do século XX, tais como, entre outras, Greta Garbo, Marlene Dietrich, Grace Kelly, Jacqueline Kennedy, Farah Pahlavi (imperatriz da Pérsia), Frederica von Stade, Ingrid Bergman, Lauren Bacall, Wallis Simpson (a duquesa de Windsor) e Jeanne Moreau. Antes de, em 1952, abrir a sua própria Maison, foi director artístico de Elsa Schiaparelli. A morte surpreendeu-o durante o sono, no seu castelo renascentista, Le Jonchet, situado no Vale do Loire. Acabou, definitivamente, uma época.

MÉRITO CULTURAL

O ministério da Cultura repôs a atribuição do subsídio de Mérito Cultural, prática interrompida por Durão Barroso em 2003, quando Pedro Roseta era ministro da Cultura. O subsídio de Mérito Cultural foi instituído em 1982, quando Francisco Lucas Pires foi ministro da Cultura do Governo de Pinto Balsemão. Destina-se a autores e artistas com reconhecidas carências económicas.