sábado, 17 de setembro de 2016

EDWARD ALBEE 1928-2016


Na sua casa de Montauk, perto de Nova Iorque, morreu ontem Edward Albee, um dos mais importantes dramaturgos norte-americanos, três vezes Prémio Pulitzer: em 1967, 1975 e 1994. Entre The Zoo Story (1958), a primeira peça, e Me Myself and I (2007), a última, publicou três dezenas de obras. A mais conhecida será porventura Who’s Afraid of Virginia Woolf? (1962), que Mike Nichols levou ao cinema com Elizabeth Taylor Richard Burton nos protagonistas. Homossexual assumido (o escultor Jonathan Thomas foi seu companheiro até morrer em 2005), Albee recusou sempre a designação de autor gay. Tinha 88 anos.

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

EUROSONDAGEM


Maioria de Esquerda = 53%. Clique nas imagens do Expresso para ler melhor.

INCLASSIFICÁVEL

Passos Coelho vai apresentar no próximo dia 26, no Corte Inglês, um livro de mexericos — Eu e os Políticos, edição Gradiva — de José António Saraiva. Sabendo-se que o livro contém «revelações sobre a vida íntima» de 42 personalidades da vida pública portuguesa, e que essas revelações, muitas de carácter sexual, são decorrentes de conversas privadas com os visados e com terceiros, alguns já falecidos, o patrocínio do presidente do PSD é inclassificável. Saraiva assume que o livro é duro e roça «a violação da privacidade».

Alguns dos visados: Balsemão, Barroso (o da Goldman Sachs), Beleza (a presidente da Fundação Champalimaud e conselheira de Estado), Cavaco, Costa (o primeiro-ministro), Cunhal, Eanes, Guterres, Marcelo (o Presidente da República), os irmãos Portas (Miguel & Paulo), Sampaio, Santana, Soares, Sócrates. Mas também há banqueiros: António Horta Osório, CEO do Lloyds, e Jorge Jardim Gonçalves, ex-BCP, são dois exemplos.

Para quem não sabe, Saraiva foi director do Expresso durante 23 anos e depois fundou o Sol. Ao que isto chegou.

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

JOHN STEINBECK


Hoje na Sábado escrevo sobre Viagens com o Charley, de John Steinbeck (1902-1968), um dos pilares do cânone americano, autor de clássicos da literatura em qualquer idioma, como, por exemplo, As Vinhas da Ira, romance de 1939 que para sempre fixou o seu nome. Publicado no ano em que recebeu o Prémio Nobel da Literatura, a singularidade deste relato de viagem radica no tom desembaraçado da narrativa. O autor assume o carácter autobiográfico do livro, atípico no conjunto da bibliografia. Em 1960 descobriu que não conhecia o seu próprio país, porque viver em Nova Iorque, com ocasionais visitas a Chicago e São Francisco, não significava conhecer a América, razão que o levou à peregrinação aqui descrita. Planeou tudo ao pormenor, começando por mandar construir uma camioneta apta a vencer adversidades logísticas e atmosféricas. Chamou-lhe Rocinante em homenagem ao Quixote. Dispunha de cama, fogão, frigorífico, calorífero, retrete química, mosquiteiros, acessórios de vária índole, etc., mas tendo de recorrer a motéis para «um banho quente e abundante». Vantagem suplementar: «Era quase tão fácil de conduzir como um carro de passageiros.» Aos 58 anos, Steinbeck cumpria um velho sonho da infância, tentando apaziguar o «vírus do desassossego». Em vez da mulher, levou consigo o Charley, um cão-d’água bleu, nascido em Bercy, habituado a reagir a ordens dadas em francês. (O volume inclui foto desse companheiro.) Mas Charley padecia de prostatite, e a situação só foi resolvida no Texas por um veterinário de Amarillo. Essa fase da viagem contou com a presença da mulher, vinda de Nova Iorque para celebrarem juntos o dia de Acção de Graças. Os milhares de quilómetros percorridos da costa Leste à costa Oeste dão azo a páginas brilhantes, onde se misturam apontamentos nostálgicos, um agudo sentido da realidade e das condições de vida da classe trabalhadora (característica da obra do autor), sketches do quotidiano das pessoas comuns, mas também o escrutínio das «práticas decadentes dos texanos ricos», tudo matizado por notações de humor e um peculiar distanciamento crítico. É de uso dizer-se que um livro se define pela primeira frase. Neste caso, o punch está na última. Cinco estrelas. Publicou a Livros do Brasil.

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

O RIO


Com O Rio, de Jez Butterworth, abre hoje, às 19:00, a temporada dos Artistas Unidos. Jorge Silva Melo encenou. Bora ao Teatro da Politécnica ver o Rúben Gomes, a Inês Pereira (ambos na fotografia de Jorge Gonçalves), a Vânia Rodrigues e a Maria Jorge. A seguir, na galeria do lado esquerdo do lobby, inaugura uma exposição de João Jacinto. Clique na imagem.

A VIDA COMO ELA É


Não tinha percebido a entrevista? Aí tem a explicação. A imagem é do Correio da Manhã, a fonte mais autorizada em matérias relacionadas com o Ministério Público.

Aquele «Se o inquérito avançar» é todo um programa! Clique na imagem.

terça-feira, 13 de setembro de 2016

MAQUIAVEL CASSADO

Por 450 votos contra 10, Eduardo Cunha perdeu ontem o mandato de deputado, tornando-se inelegível durante nove anos (o prazo pode ser alargado). Cunha, mentor do impeachment de Dilma, foi presidente da Câmara dos Deputados do Brasil até ao passado 5 de Maio, data em que o Supremo Tribunal Federal o afastou do cargo. Arguido da Operação Lava Jato, agora sem imunidade parlamentar, pode ser preso a qualquer momento. O móbil da cassação foi o facto de ter afirmado que não possuía contas secretas na Suíça, o que se provou ser mentira.

domingo, 11 de setembro de 2016

QUINZE ANOS


A Terceira Grande Guerra começou faz hoje quinze anos. Eram 13:46 em Lisboa quando Nova Iorque, sítio entre todos improvável, sofreu o grande embate. O 11 de Setembro de 2001 mudou as nossas vidas para sempre. Quem nasceu depois terá dificuldade em perceber como era dantes. Transcrevo do meu livro de memórias:

«No 11 de Setembro o Jorge estava de baixa. Eu fui trabalhar. Nesse dia, almocei com duas amigas numa esplanada da Alexandre Herculano. [...] Quase no fim do almoço, o telemóvel tocou. Era o Jorge — “Um avião chocou com uma das Torres Gémeas.” Às 13.57 a notícia não impressionou. O que podia um avião contra o WTC? Novo telefonema, passados poucos minutos — “Mais um. Acaba de chocar com a outra torre. Estão a dar em directo.” Os profiteroles ficaram no prato. Eu e as minhas amigas corremos para o metro. Entrei em casa no preciso momento em que a SIC repetia o segundo embate. A imagem provocou ansiedade, tensão e atrito. Os telefones não paravam. O ataque ao Pentágono não permitia duas leituras. A América estava a ser atacada. Um quarto avião despenhou-se num campo da Pensilvânia, perto de Shanksville, antes de alcançar o Capitólio. Saberemos mais tarde que por acção directa dos passageiros. O voo 93 da United Airlines entrava na lenda. Bush desapareceu a bordo do Air Force One enquanto centenas de corpos saltavam para o vazio. Com um fragor sem precedentes, as torres colapsaram com vinte e nove minutos de intervalo, primeiro a torre Sul (a segunda a ser atacada), depois a torre Norte. Arrastaram com elas vários edifícios, incluindo o Winter Garden. Quando uma onda de gases, detritos e fumo engoliu a baixa de Manhattan [...] soubemos que o mundo tal como o conhecíamos tinha acabado naquele momento.» — Eduardo Pitta, Um Rapaz a Arder, Quetzal, 2013.

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