sábado, 30 de junho de 2018

MADONA & MEDINA


Começa a ser penoso ler jornais portugueses. Nem me refiro ao alinhamento ideológico ou à falta de cultura de 7 em cada 10 jornalistas (estou a ser generoso). Falo de desleixo. Os revisores de texto acabaram. Ponto. Mas sobram as fotografias.

Para ilustrar uma peça sobre Madona, e um hipotético favor de Medina, o Expresso publica uma fotografia da área das Janelas Verdes, assinalando o local onde seriam estacionados os quinze carros da cantora e respectivo staff.

Sucede que o espaço assinalado não existe há pelo menos dois anos. No seu lugar foi construído um edifício de apartamentos, signé Aires Mateus & Valsassina. Nas traseiras fica o jardim do condomínio. À direita fica o acesso ao estacionamento da embaixada do Luxemburgo.

Portanto, para dizer mal do Medina, não é preciso inventar. Aliás, na mesma página, outra fotografia desmente a imagem (muito antiga) do Google Earth.

Clique na imagem.

sexta-feira, 29 de junho de 2018

MIGRAÇÕES


Depois de vencer quatro etapas, derrotando sucessivamente os outros candidatos, António Vitorino, 61 anos, membro do PS, antigo comissário europeu, foi eleito por aclamação director-geral da Organização Internacional das Migrações.

Com sede em Genebra, a OIM foi criada em 1951 para dar resposta ao caos provocado pelas populações deslocadas (onze milhões de pessoas) na sequência de Segunda Guerra Mundial. Actualmente tem como prioridade os refugiados da Síria e da Líbia.

PLATAFORMAS DE DESEMBARQUE


Este gráfico é eloquente. Sobre o fundo da questão: eram 04:30 da madrugada quando os líderes da UE acordaram estabelecer, fora de território europeu, centros de acolhimento de imigrantes. A ideia é facilitar a triagem: os imigrantes à procura de trabalho são devolvidos à origem, os refugiados políticos que comprovarem essa condição (e só esses) podem candidatar-se a visto de entrada na UE. A monitorização dos centros seria feita pelo ACNUR.

Cereja em cima do bolo: os países da UE ficam obrigados a tomar «todas as medidas internas necessárias para impedir o movimento de migrantes...» Dito de outro modo, a filosofia do Espaço Schengen não se aplicará, doravante, a imigrantes.

Os países terceiros com que a UE conta são os países do Magreb. Mas a Argélia, Marrocos e a Tunísia já fizeram saber que recusam. A Albânia, país europeu, também não quer. E a Itália vai deixar de subvencionar a Turquia, que até aqui tem sido generosamente financiada pela UE para acolher imigrantes em campos de onde não podem sair.

Deste modo, o Grupo de Visegrado (Eslováquia, Hungria, Polónia e República Checa), opositor firme das migrações, vê as suas teses caucionadas à outrance.

Clique no gráfico de El País.

quinta-feira, 28 de junho de 2018

FONSECA & RUSHDIE


Hoje na Sábado escrevo sobre Calibre 22, de Rubem Fonseca (n. 1925), decano dos escritores brasileiros, gigante da literatura de língua portuguesa. Desta vez errou a pontaria. Acontece aos melhores. Fonseca foi polícia durante seis anos, e grande parte da obra aproveita essa experiência, instalando o mal no interior da própria linguagem. Ninguém o fez como ele. Infelizmente, Calibre 22, uma colectânea de 29 ‘contos’, devia ter ficado na gaveta. Os vindouros pelam-se por inéditos. Curiosa ironia. A Sextante tem vindo a publicar toda a obra de Rubem Fonseca. Mas, no momento de redefinir o seu catálogo (o que aconteceu há dois meses), a editora mudou também o layout dos volumes. Ou seja, o novo formato diz-nos que este é um livro diferente. Fonseca foi sempre excepcional nos contos. Os romances são bons, mas nessa área o Brasil tem melhor. Os contos sim, ímpares, sem equivalente em muitas línguas, daí a expectativa com Calibre 22. A decepção é um murro no estômago. A larga maioria destes ‘contos’ são breves crónicas, simples crónicas medíocres, e chamar-lhes assim roça o elogio, porque a maior parte delas são aquilo a que chamamos posts. Seria pleonástico explicar que conto, género de grande exigência, é outra coisa. Vejamos Ópera, foder e sanduíche de mortadela. Não é ficção, é para-ensaio memorialístico: «Ópera? Acho que não tem nem mesmo no Scala de Milão. Outro dia eu li no jornal […] Mas li errado, não enxergo muito bem…» O texto prolonga o desfasamento com a realidade: «As pessoas não fodem mais […] só os pederastas fodem […] metade da população do mundo é de lésbicas, gays, transexuais e por aí fora. […] Então eu podia imaginar o sofrimento do Evaristo quando descobriu que o filho ia virar filha e não lhe daria netos.» É triste ver um autor deste gabarito cair tão fundo. Numa prosa sibilina, Paulo Francis escreveu coisas tão disparatadas como estas (um autor tem direito a entesourar os seus equívocos), mas nunca lhes chamou contos. Os géneros literários perderam as balizas fundadoras? São os editores que decidem? Em suma, torna-se penoso ler Calibre 22. O problema é mesmo a prosa chilra. Uma estrela. Publicou a Sextante.

Escrevo ainda sobre A Casa Golden, de Salman Rushdie (n. 1947). Passaram trinta anos sobre a fatwa de Khomeini sobre o autor. É provável que muitos dos seus actuais leitores desconheçam o facto e suas sequelas. Rushdie vive hoje em Nova Iorque, e o seu romance mais recente, A Casa Golden, é um fresco da América actual. Abre com a ‘inauguração’ de Obama e a chegada a Manhattan, após o sangrento ataque ao Taj Mahal Palace Hotel, de um magnata de Mumbai acompanhado dos três filhos. Além da família de Nero Golden, cabe tudo no romance: centenas de filmes, actores e realizadores, dezenas de citações literárias, a homofobia de Rushdie, a caricatura das questões identitárias, o Tea Party, a cultura pop, a controvérsia do Gamergate, a xenofobia, a political correctness, o envenenamento de Litvinenko, o colapso do comunismo, as Primaveras árabes e mais uma dúzia de acontecimentos planetários. Até Trump, nomeado como Gary Green Gwynplaine, vulgo Joker, e com cabelo verde-lima. Uma parábola do admirável mundo novo? A escrita é brilhante, mas Rushdie confunde sarcasmo com reaccionarismo. Quatro estrelas. Publicou a Dom Quixote.

quarta-feira, 27 de junho de 2018

SUÍÇA VAI FECHAR


Está explicado o anunciado encerramento da Suíça, a pastelaria. Os proprietários chegaram a acordo com o fundo internacional que adquiriu o quarteirão inteiro que separa o Rossio da Praça da Figueira, e decidiram cessar actividade. No quarteirão apenas vão permanecer a Casa da Sorte e a Ourivesaria Portugal.

Entretanto, a Câmara de Lisboa vai propor 44 lojas e estabelecimentos de Lisboa, a juntar aos 126 já classificados, para designação de ‘Loja com História’. Quatro exemplos: o restaurante Gambrinus, a Garrafeira Nacional, a Papelaria Fernandes e o restaurante Vá-Vá. A Suíça estava inscrita mas desistiu.

O vereador Ricardo Robles, do BE, sublinhou que «a cidade não se faz só de lojas com história, faz-se também de lojas normais.» Assino por baixo.

Lisboa não perde nada com o encerramento da Suíça. Não faz sentido manter aberto um estabelecimento que, na praça mais nobre da cidade, encerra às 22 horas.

terça-feira, 26 de junho de 2018

TEDH & CASA PIA


Estava escrito nas estrelas.
Clique na manchete do Expresso.

segunda-feira, 25 de junho de 2018

VERO?

DIÁRIO DE NOTÍCIAS —  Ex-secretário-geral da NATO Javier Solana barrado na fronteira dos EUA [...] foi obrigado a tomar um avião de volta. — Errado.

Solana não foi barrado na fronteira dos Estados Unidos.
Solana não apanhou nenhum avião de volta.

O que sucedeu foi que o antigo secretário-geral da NATO e alto-Representante europeu de Segurança e Negócios Estrangeiros não obteve visto electrónico para entrar nos Estados Unidos por, no decurso das suas viagens oficiais, ter estado num, ou vários, dos países da lista negra: Irão, Iraque, Síria, Sudão, Líbia e Somália. Sem visto, não saiu de Madrid.

Isto acontece a toda a gente. Ainda recentemente aconteceu com uma jornalista portuguesa muito conhecida.

O computador está programado para emitir (ou recusar) visto em determinadas circunstâncias. O senhor Solana deve fazer o que fazem as pessoas nas suas circunstâncias: vai à embaixada explicar quem é. Ele não esteve para aí virado e não foi. Pode esperar sentado.

domingo, 24 de junho de 2018

MARCELO

Ontem, o Presidente da República desmaiou no Santuário do Bom Jesus. Uma nota da Presidência da República esclarece:

«Os exames efetuados no Hospital de Braga confirmaram que o Presidente da República sofreu uma gastroenterite aguda. Os médicos recomendaram hidratação e repouso [...]»

Não esquecer que, há seis meses, o PR foi operado de urgência a uma hérnia umbilical. Esteve internado três dias, embora este tipo de cirurgia seja feita (salvo em casos de especial gravidade) em regime ambulatório. Não ficou no Curry Cabral para ver passar os comboios, ficou porque o seu estado de saúde o exigiu. A saúde do Chefe do Estado não é assunto do foro privado. A Casa Civil fez bem em esclarecer, porque a especulação mediática envenena a realidade.

Agora convinha esclarecer a urgência da viagem a Washington. O primeiro-ministro diz que é muito importante. Porquê? A NASA vai montar uma rampa de lançamento em Belém?

sexta-feira, 22 de junho de 2018

GRÉCIA LIMPA

Apesar das reticências de Berlim, o Eurogrupo acaba de disponibilizar 15 mil milhões de euros à Grécia, a juntar aos 275 mil milhões recebidos desde 2010, para facilitar o regresso do país aos mercados, a partir de 1 de Agosto, data do fim do terceiro resgate.

Centeno dixit: «A dívida grega é sustentável daqui para a frente.» Com outro presidente, que não Centeno, o Eurogrupo teria este comportamento?

FIZZ

Por causa do Caso Fizz, o processo abstruso que envolve procuradores e advogados portugueses, mais o antigo vice-presidente de Angola, o Ministério Público criou um caso político sem precedentes, exigindo que Manuel Vicente fosse julgado em Portugal. Luanda reagiu, retirando o seu embaixador de Lisboa (acto de grande melindre) e adiando sine die visitas a Angola de Marcelo e Costa. No seu discurso de posse como PR, em 26 de Setembro de 2017, o general João Lourenço citou duas dúzias de países amigos, mas Portugal não fazia parte da lista. Marcelo estava na tribuna. Dezenas de milhares de trabalhadores e centenas de empresários portugueses radicados em Angola viram congeladas as transferências dos seus salários para fora do país (e cortado o acesso a divisas). Entretanto, no passado 10 de Maio, o Tribunal da Relação de Lisboa decidiu que Portugal não tinha competência para julgar Manuel Vicente, que tem imunidade até Setembro de 2022, e pode a qualquer momento ser indultado.

Cereja em cima do bolo: ontem, o MP pediu absolvições e penas suspensas para os arguidos do Caso Fizz. Quanto custou tudo isto ao erário público?

quinta-feira, 21 de junho de 2018

KLOBUCKA & STEINBECK


Hoje na Sábado escrevo sobre O Mundo Gay de António Botto, de Anna M. Klobucka. Como escrevi na introdução de Canções e Outros Poemas (2008), António Botto foi sempre, por razões que a sociologia da literatura decerto explicará, um caso mal resolvido. Passados quase 60 anos da morte do poeta, atropelado no Rio de Janeiro em 1959, Klobucka publicou o estudo que fazia falta. Não é despiciendo que o tenha feito, na medida em que Botto foi, nos anos 1920, um percursor da poesia de inscrição homossexual. Verdade que Wilde e Gide, oriundos de tradições literárias fortes, eram lidos e alvo de controvérsia em todo o mundo. Botto contou quase só com Fernando Pessoa, que publicou a segunda edição de Canções, escreveu ensaios em seu louvor e, por interposto Álvaro de Campos, invectivou os universitários de Lisboa por ocasião do auto-de-fé de 5 de Março de 1923 (exemplares de Canções foram apreendidos pelo Governo Civil de Lisboa e queimados no Rossio). Além de Pessoa, Aquilino Ribeiro foi o único autor a repudiar publicamente a campanha ultramontana. No seu estudo, Anna M. Klobucka faz um minucioso tour d’horizon à vida do poeta, sem esquecer as origens humildes, a conhecida «propensão para a autoinvenção ficcionalizante», a celeuma das traduções, as amizades virtuais, o casamento, a partida para o Brasil, a conversão religiosa, a doença e a morte. Nada disto é novidade, mas os factos são dissecados à luz do que Klobucka considera ser, por antecipação, o perfil queer do poeta. Com recurso ao espólio depositado na Biblioteca Nacional, a autora ilumina os doze anos de permanência (1947-59) de Botto no Brasil. Tal como acontece com a obra de Florbela Espanca, a de Botto tem sido (apesar dos encómios de Pessoa, Régio e Sena) subestimada. Fossem eles autores de expressão inglesa, e seriam hoje ícones dos movimentos feministas e LGBTI. Klobucka não o diz desta forma, mas a sua análise dos poemas, contos, peças de teatro e cartas, muito próxima da close reading, passe o pleonasno, ajuda a perspectivar Botto sob enfoque gay/queer. Indispensável. Cinco estrelas. Publicou a Documenta.

Escrevo ainda sobre Um Diário Russo, de John Steinbeck (1902-1968). Como muitos escritores cujas carreiras atravessaram a Guerra Fria, também Steinbeck foi ver como era a União Soviética. Entre nós, são relativamente recentes as publicações dos ‘diários russos’ de Gabriel García Márquez e Urbano Tavares Rodrigues. Steinbeck teve a enorme vantagem de fazer a viagem na companhia de Robert Capa, o célebre fotógrafo. As fotografias, em regra muito boas, foram incluídas no volume. Visitar a URSS em 1947, dois anos após o fim da guerra, não era fácil. Por exemplo, Estalinegrado continuava um monte de ruínas, e necessitava com urgência de «meia dúzia de escavadoras». O périplo incluiu a Ucrânia e a Geórgia, então parte do território russo. Steinbeck não fez proselitismo pró-russo nem alinhou na fronda anti-soviética. Sem perder objectividade, o relato é caloroso, na medida em que o autor se preocupou com as condições de vida das pessoas comuns. Quatro estrelas. Publicou a Livros do Brasil.

quarta-feira, 20 de junho de 2018

BASTA


É altura de dizer basta aos métodos das autoridades americanas de fronteira. A actual política migratória da administração Trump traz de volta velhos fantasmas. O texto supra, da autoria de Richard Zimler, foi subscrito por dezenas de escritores e editores de língua portuguesa.

Clique nas imagens para ler o manifesto e o nome dos signatários, entre os quais me encontro.

CANNABIS LIVRE

Por 52 votos contra 29, o Senado do Canadá aprovou o uso da cannabis para fins recreativos. Mas fica interdito a menores. Pode-se cultivar em casa. Na rua, cada pessoa não poderá transportar consigo mais do que 30 gramas.

A cannabis será vendida em supermercados e mercearias de bairro, como as hortaliças e os tremoços. O processo de preparação para venda (embalagens, secção da loja, preço, etc.) não pode exceder as próximas 12 semanas, mas terá uma data definida pelo Governo antes desse limite.

Isto só acontecia no Uruguai. Agora também vai acontecer no Canadá.

terça-feira, 19 de junho de 2018

OS ANOS KENNEDY


Le Consulat, o hotel do topo do Largo do Camões, tem a partir de amanhã expostas ao público as 160 fotografias dos Kennedy Years, oriundas do Museu JFK de Boston, acervo organizado por Frédéric Lecomte-Dieu. Abriu hoje, para convidados do American Club de Lisboa. Fica até Setembro, na galeria de arte do hotel, ao lado do bar do primeiro piso. Vale a pena.

Clique na imagem.

TRANSEXUALIDADE


A Organização Mundial de Saúde retirou a transexualidade da lista de transtornos psicológicos. Dito de outro modo, reconhece que a identidade de género transexual não é uma doença. Já não era sem tempo.

Clique na imagem com o aviso da OMS.

segunda-feira, 18 de junho de 2018

RANKING FT

Do ranking 2018 do Financial Times, agora divulgado, fazem parte três escolas portuguesas. Portuguesas? Vero?

São elas a Nova School of Business and Economics, classificada em 21.º lugar; a Católica-Lisbon, em 23.º e, a seguir, o ISCTE Business School, em 27.º (o ranking reporta às 30 melhores, em todo o mundo). Já sei que as aulas são dadas em inglês, mas faz-me muita confusão ver as escolas oficialmente designadas em língua estrangeira.

A tudo isto, os adversários contumazes do AO90 dizem nada. É claro que as consoantes mudas são mais importantes. Obviously!

AXIMAGE


Maioria de Esquerda = 54,5%. Sozinho, o PS ultrapassa o PSD em 9,2% (e a PAF em 2,9%). Centeno é considerado o melhor ministro. Tiago Brandão Rodrigues o pior.

Partido a partido: PS 37% / PSD 27,8% / BE 10,3% / CDU 7,2% / CDS 6,3%. 

Sondagem publicada no Correio da Manhã. Clique na imagem.

domingo, 17 de junho de 2018

AFFAIRE AQUARIUS


Agora vamos ficar todos contentes, porque esta coreografia foi pensada ao milímetro para não perturbar os espíritos sensíveis.

Foi assim:

Distribuídos por três embarcações, o navio Aquarius e dois vasos da Marinha de Guerra italiana, chegaram hoje a Valência os 629 imigrantes que andavam à deriva no Mediterrâneo.

O primeiro chegou quando eram 05:50 em Portugal, e os restantes com intervalos de três horas. O Aquarius foi o último a chegar. Sob orientação da Cruz Vermelha, uma equipa de 2.300 pessoas, formada por polícias, funcionários da Emigração, tradutores, stewards, enfermeiros, médicos e advogados, está a monitorizar o desembarque. Cem jornalistas foram autorizados a permanecer no local. Equipados com macacões de corpo inteiro, luvas, termómetros infravermelhos e máscaras apropriadas para situações de catástrofe e pandemia, os médicos e enfermeiros foram os primeiros a subir a bordo.

Os imigrantes receberam três formulários: um para solicitar autorização de permanência em Espanha, até ao limite de 45 dias, ou seja, um proforma para formalizar o desembarque; outro para solicitar asilo em Espanha; outro para solicitar asilo num país terceiro (a França está disposta a receber os muito qualificados). Entre os 629 imigrantes estão 43 argelinos e 11 marroquinos, grupo que vê o seu futuro com grande preocupação.

Nenhum dos 629 imigrantes está documentado.

Clique na imagem de El País.

sábado, 16 de junho de 2018

ÉTICA, DIZEM ELES

No 11 de Setembro, os media americamos fizeram um pacto: respeito pelas vítimas, familiares e amigos das vítimas; respeito pelos leitores e, portanto, pela profissão de informar. Nenhum jornal publicou fotografias de pedaços de corpos despedaçados ou queimados: mamas abertas ao meio, um braço, uma tíbia, um pé, uma cabeça, troncos separados dos membros inferiores, o horror de gente atirar-se para o vazio antes da derrocada final. E são aos milhares. Uma criteriosa selecção desse acervo de pesadelo consta do álbum de grande formato (31x22cm), cerca de novecentas páginas, e muitos quilos, editado pela Scalo em 2002, com o patrocínio da Volkart Foundation. Um documento para os vindouros: Here is New York. A democracy of photographs.

Vem isto a propósito de quê?

Hoje, a capa do Público ultrapassa todos os limites da decência. Pedrógrão Grande foi uma tragédia, com certeza. Querem fazer dela instrumento político? É simples: fundam um partido e concorrem às eleições. Basta de agitprop à custa de algumas famílias destroçadas.

sexta-feira, 15 de junho de 2018

MANAFORT FOI DENTRO

Por decisão de Amy Berman Jackson, juiza do Tribunal Distrital dos Estados Unidos para o Distrito de Columbia, o advogado Paul Manafort, ex-director de campanha de Trump, deu hoje entrada na cadeia, acusado de obstrução à justiça.

Manafort aguardava julgamento em prisão domiciliária, sob fiança de dez milhões de dólares. Porém, promotores da equipa de Robert Mueller (o antigo director do FBI que, desde Maio de 2017, exerce o cargo de Procurador Especial para o caso da alegada interferência russa nas presidenciais americanas de 2015) provaram que Manafort tentou, já este ano, manipular testemunhas do processo.

Sob custódia desde 30 de Outubro de 2017, Manafort é também acusado de ter feito lobby a favor de Viktor F. Yanukovych, o antigo presidente ucraniano pró-russo.