sábado, 16 de junho de 2018

ÉTICA, DIZEM ELES

No 11 de Setembro, os media americamos fizeram um pacto: respeito pelas vítimas, familiares e amigos das vítimas; respeito pelos leitores e, portanto, pela profissão de informar. Nenhum jornal publicou fotografias de pedaços de corpos despedaçados ou queimados: mamas abertas ao meio, um braço, uma tíbia, um pé, uma cabeça, troncos separados dos membros inferiores, o horror de gente atirar-se para o vazio antes da derrocada final. E são aos milhares. Uma criteriosa selecção desse acervo de pesadelo consta do álbum de grande formato (31x22cm), cerca de novecentas páginas, e muitos quilos, editado pela Scalo em 2002, com o patrocínio da Volkart Foundation. Um documento para os vindouros: Here is New York. A democracy of photographs.

Vem isto a propósito de quê?

Hoje, a capa do Público ultrapassa todos os limites da decência. Pedrógrão Grande foi uma tragédia, com certeza. Querem fazer dela instrumento político? É simples: fundam um partido e concorrem às eleições. Basta de agitprop à custa de algumas famílias destroçadas.