quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

SEDIÇÃO


Sem surpresa para quem nos últimos dois meses tomou nota dos sinais, o 6 de Janeiro de 2021 entrou para a lista das datas malditas. O que se passou em Washington é equivalente ao 11 de Setembro de 2001, o dia em que, depois da tragédia de Nova Iorque, um terceiro avião atingiu o Pentágono, em Washington. Só o quarto falhou: o voo 93 da American Airlines, com destino provável justamente no Capitólio, foi forçado pelos passageiros a despenhar-se em Shanksville, na Pensilvânia.

No momento em que decorria a sessão conjunta do Senado e da Câmara dos Representantes para certificar os votos do Colégio Eleitoral que fazem de Biden o 46.º Presidente eleito dos Estados Unidos, a invasão do Capitólio ficará na História como um momento inimaginável numa democracia avançada. Nem House of Cards (a série) foi tão longe.

Mas aconteceu que milhares de desordeiros fizeram interromper a sessão. Mike Pence teve de ser evacuado para local desconhecido. O republicano Mitt Romney foi claro: Isto é sedição. Seguranças do Capitólio foram espancados, estando alguns em estado grave. Muriel Bowser, mayor do Distrito de Columbia, decretou o recolher obrigatório para as 18 horas locais, mas quase ninguém respeitou a ordem. Neste momento (20:05 horas em Washington) as ruas estão cheias. A Guarda Nacional chegou tarde e nada fez. Uma mulher do gang atacante, baleada não se sabe por quem, morreu. Foram encontradas e desmontadas duas bombas. Até ao momento, a polícia metropolitana prendeu 13 pessoas. A sessão conjunta, interrompida durante mais de seis horas, está prestes a ser retomada.

Na televisão, Biden pediu a Trump que pusesse fim ao cerco.

Trump felicitou os desordeiros através do Twitter: «Estas coisas acontecem quando uma vitória eleitoral esmagadora e sagrada é cruelmente retirada com descaramento. [...] Lembre-se deste dia para sempre!» Pouco depois, o Twitter bloqueou a conta de Trump por um período de doze horas.

E não fica por aqui.

Imagem: NYT. Clique.