quarta-feira, 13 de outubro de 2021

ESPERAVAM O QUÊ?


Quem acompanha o que escrevo sabe que não perco tempo com casos de polícia. Mas o affaire Rendeiro não é um simples caso de polícia: envolve o colapso do Banco Privado Português, ocorrido em 2008. Porém, durante treze anos, fazendo tábua rasa de decisões judiciais, o banqueiro fez o que quis, dentro e fora do país.

Há dias decidiu pôr-se ao fresco. Mas deixou cá a mulher e as 124 obras de arte que decoram algumas salas da casa da Quinta Patiño, no Estoril. Obras de, entre outros, António Dacosta, Carlos Botelho, Dominguez Alvarez, Frank Stella, Hogan, Julião Sarmento, Júlio Resende, Lourdes Castro, Noronha da Costa e René Bertholo. Não confundir com o acervo do Museu Ellipse, o qual, alegadamente, estará encerrado e à responsabilidade da polícia. 

É preciso não esquecer que, em 2006, a revista americana Art Forum considerou João Rendeiro uma das cem personalidades mais influentes do mundo da arte contemporânea. Tudo por causa da (sua) Ellipse Foundation, com sede nos Países Baixos, museu em Alcabideche e curadores do gabarito de Alexandre Melo e Pedro Lapa.

Ontem, uma juíza emitiu um mandado de busca e apreensão das supracitadas obras de arte, arrestadas desde 2011 mas ainda nas paredes da casa da Quinta Patiño. Parece que muitas delas não correspondem aos originais inventariados há dez anos. Esperavam o quê?

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