sexta-feira, 24 de setembro de 2021

GALINÁCEOS

Hoje vou falar de coisas triviais que deviam incomodar as pessoas comuns. Aparentemente, não incomodam.

Falo das galinhas e frangos de aviário que se vendem nas chamadas grandes superfícies. Não terá passado despercebido a nenhum consumidor atento que os confinamentos deram origem a um downsizing generalizado. A distribuição nunca parou, é verdade, mas os despedimentos de que ninguém fala (e foram muitos), bem como a quebra de importações, fazem-se sentir desde o Outono do ano passado.

Estando obrigada a conhecer e fazer respeitar as regras de criação, abate, conservação e comercialização dos galináceos — matéria de grande minúcia e sofisticação —, a ASAE não pode fechar os olhos à realidade: sangue pisado, aves com pernas partidas (não é piada), sinais de infecção, pigmentação evidenciando sangramento deficiente, resíduos de penas, etc., temos encontrado de tudo, em lojas de topo e outras de baixo perfil.

O problema é comum porque todos se abastecem nos sítios do costume. E passo por cima do habitat em que são criados esses galináceos. Apesar de tudo, quero acreditar que não são forçados a viver em ambientes sujos e infestados de doenças, como tem sido denunciado acontecer noutros países do primeiro mundo. Repito: quero crer que tudo não passa de desleixo e falta de respeito pelo consumidor. Não é pouco!

Dizer a um gestor de grande superfície que «a galinha não pode ter sangue pisado» é o mesmo que dizer a um yuppie que não pode deixar o Land Rover em cima do passeio. Não sabem do que estamos a falar.