terça-feira, 6 de abril de 2021

THE SLEEPERS


Lembram-se da Revolução de Veludo que pôs termo a mais de 40 anos de domínio comunista no país que então se chamava Checoslováquia?

Para quem não sabe: entre 17 de Novembro e 29 de Dezembro de 1989, sucessivas manifestações deram origem às demissões de Miloš Jakeš, secretário-geral do Partido Comunista checo, e de Gustáv Husák, o Presidente da República. O detonador do levantamento popular foi a repressão do desfile no Dia Internacional dos Estudantes.

Corolário: ao fim de 43 dias de tumulto, Václav Havel, intelectual respeitado dentro e fora do país, dramaturgo, ensaísta, poeta e líder do movimento dissidente Fórum Cívico, foi eleito, no Parlamento, Presidente da República, enquanto Alexander Dubček, o artífice da Primavera de Praga (1968), era escolhido pelos revolucionários para presidir ao Parlamento.

The Sleepers — Bez vědomí —, série de 2019 escrita por Ondřej Gabriel e realizada por Ivan Zachariáš, disponível na HBO, centra-se na claustrofobia da sociedade checa durante esses anos de chumbo. Narrada em dois tempos, 1977 e 1989, ilustra o quotidiano de uma sociedade em que todos denunciam todos.

Infelizmente, nós, portugueses, sabemos o que isso é: 55 anos de polícia política (nas suas vários encarnações a partir de 1919: PSE, PI, PDPS, PVDE, PIDE e DGS) fazem com que o modus operandi da Státní Bezpečnost, a temida StB checa, nos seja familiar.

A reconstituição de época é notável. Distanciando-se do tom heróico, o guião não ignora o cinismo do Ocidente, em especial do MI6 britânico. Focada nas práticas totalitárias decorrentes do incesto entre Praga e Moscovo, a série omite muitos detalhes da revolução propriamente dita. São seis episódios de uma hora cada.

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