Natural de Lisboa, Cesariny frequentou a Escola António Arroio e fez estudos de música com Lopes Graça. Além de notabilíssimo poeta, foi artista plástico, tendo recebido em 2005 o Grande Prémio de Arte da Fundação EDP. O espólio artístico encontra-se depositado na Fundação Cupertino de Miranda.
Pelo facto de ser homossexual, viveu cinco anos (1953-58) com obrigação de apresentações regulares à polícia. Graças a bolsas da Gulbenkian, passou uma temporada em Paris, onde esteve preso, tendo, a partir de 1964, vivido vários anos em Londres.
Depois do 25 de Abril, alegadamente por veto do embaixador José Fernandes Fafe, o MNE recusou que ocupasse o cargo de adido cultural na embaixada de Portugal na Cidade do México. Em 1976 foi responsável pela representação portuguesa à Exposição Surrealista Mundial de Chicago.
Dias antes de morrer, Jorge Sampaio atribuiu-lhe Grã-Cruz da Ordem da Liberdade. Em testamento, Cesariny deixou mais de um milhão de euros à Casa Pia de Lisboa.
Aproveito para transcrever parte de um texto que publiquei em 2019 — «Tudo o afastava do establishment literário: de origem proletária, refractário aos salões bem pensantes, viveu de costas voltadas para a Academia, fez apostasia com o neo-realismo, teve problemas com a polícia de costumes, escreveu em jornais de Direita contra os militares e a Esquerda marxista, insultou gente influente e, pecado maior, nunca escondeu a sua predilecção por marujos.»
O poema desta semana pertence ao livro Nobilíssima Visão (1959). A imagem foi obtida a partir de Poesia, volume de obra completa publicado em 2017 pela Assírio & Alvim, organizado por Perfecto E. Cuadrado.
[Antes deste, foram publicados poemas de Rui Knopfli e Luiza Neto Jorge.]
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