segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

A NOITE DE TODOS OS EQUÍVOCOS


OS PERSONAGENS

— Sem surpresa, Marcelo foi reeleito por 2,5 milhões de eleitores (60,7% dos votos expressos), conseguindo ultrapassar o patamar das reeleições de Cavaco e Sampaio.

— Graças ao voto útil, Ana Gomes conseguiu o segundo lugar à tangente. Valeram-lhe as freguesias burguesas de Lisboa e do Porto. Por exemplo, aqui em Alvalade, freguesia com mais de 32 mil habitantes, Ana Gomes obteve 19,2%. Mas Alvalade, onde Tiago Mayan Gonçalves obteve 8%, não representa o Portugal profundo. 

— Sem o voto útil (nunca inferior a 5%) do eleitorado que percebeu o risco da fragmentação à Esquerda, Marcelo teria sido reeleito com 65% e Ventura teria ficado em segundo lugar.

—  Com a Direita refém da extrema-direita, foi penoso ouvir Rui Rio e FRS (aka Chicão) apropriarem-se da vitória de Marcelo.

— O resultado de Ventura, segundo classificado em doze distritos, incluindo os três do Alentejo, só espanta quem não conhece a história do Partido de Le Pen, que cresceu à custa de quatro quintos do antigo eleitorado PCF. Quem quiser conferir tem muito por onde escolher (a bibliografia é extensa). É um problema para o PSD, que terá de apoiar-se na bengala do radicalismo.

— Apesar do discurso sensato e moderado, João Ferreira não chegou aos duzentos mil votos. E perdeu nas praças-fortes do PCP.

— Marisa Matias acrescentou o fait divers do batom à tradicional futilidade do BE. Não resultou. Portugal não é o Lux. E, desta vez, os que votam no BE com o único intuito de “travar” o PS (conheço muitos) não tinham esse acicate.

— Falando para um Portugal que não existe, Tiago Mayan Gonçalves ainda assim conseguiu mais de 130 mil votos.

— Quem acompanhou os debates, sabe que os votos de Vitorino Silva podem ser acrescentados aos de Ventura. A forma do discurso era outra, mas as ideias são as mesmas.

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