segunda-feira, 3 de agosto de 2020

A HISTÓRIA SECRETA


Nos meses do PREC foram muitos os que quiserem associar Amália ao Estado Novo. Sim, é verdade que foi cantar a Londres (1949) a convite de António Ferro. E também é verdade que foi à gala do 52.º aniversário do Sporting (1958) num carro escoltado pela PIDE. Nada disso impediu que, desde os anos 1940, tivesse apoiado militantes comunistas na clandestinidade, as famílias de muitos presos políticos, e até sequazes de Humberto Delgado.

Quem não sabe, fica a saber: Abandono (David Mourão-Ferreira, 1959), também conhecido como Fado de Peniche, é directamente inspirado na prisão de Cunhal: «Por teu livre pensamento / Foram-te longe encerrar...»

Decerto não por acaso, foi condecorada por Soares, Sampaio e Mitterrand. Adiante. Não vou aqui fazer a exegese das seiscentas páginas da biografia escrita por Miguel Carvalho, agora editada pela Dom Quixote. No ano do centenário da diva, a homenagem certa.

A extraordinária foto da capa, da autoria de Mariana Correia Pinto, reporta à participação de Amália numa manif (1975) organizada pelo PS em defesa do jornal República.

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