quinta-feira, 11 de outubro de 2018

JEAN-PAUL DUBOIS


Hoje na Sábado escrevo sobre A Sucessão, do francês Jean-Paul Dubois (n. 1950). Seguindo à risca o padrão da ficção francesa contemporânea, o autor mete este mundo e o outro no mais recente dos seus romances. Paul Katrakilis, o narrador, é médico, filho e neto de médicos. Nunca exerceu. Em vez disso, tornou-se jogador profissional de pelota basca. Vem de uma família complicada: o avô Spyridon, antigo médico de Estaline, e o tio Jules, relojoeiro, suicidaram-se; a relação da mãe com o irmão roçava o incesto; o pai andava de bata e cuecas pelas alas psiquiátricas do hospital. Foi neste universo que Paul cresceu. Não admira que Miami tenha sido um intervalo de fuga para as suas obsessões. Mas Dubois não consegue alhear-se da Wikipédia. Sirva de exemplo o penúltimo parágrafo da página 144: «Borlin venceu a maratona…» / «Gorbatchev foi recebido…» / «a França de Mitterrand votava a lei…» Oito linhas estranhas ao plot. Há mais. A passagem do avô pela URSS tem momentos deveras surreais. A ideia seria falar de perda, mas o excesso de informação dinamita o propósito. Três estrelas. Publicou a Sextante.