Hoje na Sábado escrevo sobre 1933 Foi um Mau Ano, do americano John Fante (1909-1983), autor pouco conhecido entre nós que deixou uma obra breve mas consistente. Bukowski considerava-o seu mestre e, nos últimos vinte anos, a crítica mais exigente faz-lhe vénia. A novela póstuma 1933 Foi um Mau Ano chegou agora à edição portuguesa. A diabetes que o levou à cegueira e amputação das duas pernas, ao mesmo tempo que explica o seu relativo apagamento da cena literária, é uma razão plausível para o livro ter ficado por concluir. Fante, que nasceu no seio de uma família de Abruzzo, é o celebrado autor do quarteto novelístico Bandini, que abre (embora tenha sido o último a ser publicado) com Estrada para Los Angeles, um dos seus livros traduzidos em Portugal. A escrita sofisticada do autor resgata a intriga da sua aparente trivialidade: vivendo em Roper, no Colorado, Dominic Molise, o narrador, vive emparedado entre o sonho do basebol e as contingências da Grande Depressão que sucedeu ao crash de 1929. Mesmo incompleto, 1933 Foi um Mau Ano não deixa de ser um autêntico Bildungsroman, ou seja, um romance de formação por intermédio do qual o autor põe em pauta uma panóplia de questões identitárias. Quatro estrelas. Publicou a Alfaguara.