No passado 17 de Janeiro, Theresa May fez um statement duro em Lancaster House. Ou as negociações com a UE correm nos termos definidos pelo Reino Unido, ou o país bate com a porta de forma unilateral. Como não é previsível que a Comissão Europeia lhe faça a vontade, percebe-se melhor, a cada dia que passa, o intuito da primeira-ministra britânica: sair a qualquer custo. A frase é inequívoca: «Nenhum acordo para o Reino Unido é melhor do que um mau acordo para o Reino Unido.»
O modelo de longas negociações, tão caro aos europeus, não quadra com o espírito british. Com aval do Parlamento desde o passado dia 1, Theresa May pode accionar o Artigo 50 quando quiser. Foi isso que decidiram 498 deputados contra 114. Ontem foi ultrapassado novo obstáculo: os críticos que exigiam poder de veto às condições negociais foram derrotados por 326 votos contra 293. O Governo fica livre para fazer como bem entender. Satisfeito com o resultado, David Jones, o ministro encarregue de negociar o Brexit com Bruxelas, sublinhou que não fazia sentido sujeitar um acordo fechado a votação: «Seria um sinal de fraqueza da nossa parte.» Portanto, só falta mesmo carregar no botão.