Leio nas redes manifestações de júbilo com a decisão do Tribunal de Londres sobre a exigência de votação parlamentar para accionar o art.º 50. É muito estranho, porque grande parte dessas manifestações tem sido subscrita por mulheres, e não me lembro de as ter visto exigir que a Assembleia da República votasse o resultado do referendo ao aborto.
Eu não gosto de referendos, sejam eles sobre que tema forem. Mas, estando consagrados na Lei, o seu resultado tem de ser respeitado. O resultado foi claro: 52% dos votantes no referendo não querem continuar na UE. Portanto, quem quer torcer a realidade deve emigrar para a Coreia do Norte. Ou lutar pela abolição dos referendos.
Downing Street recorreu da decisão e mantém o fim de Março como a data em que dará início formal à saída.Theresa May falou ontem mesmo com Merkel e Juncker, a quem garantiu que Brexit means Brexit.
O que o Tribunal conseguiu foi uma dilação de prazos. Na prática, o Reino Unido já saiu. Em Janeiro não assumirá, como lhe competia, a presidência da UE. A alta-finança corrigiu a pontaria. Além de pequenas minudências que envolvem bolsas, financiamentos, projectos, etc., que têm estado a ser cancelados nos últimos meses.