Hoje na Sábado escrevo sobre a Obra Essencial de Mário de Sá-Carneiro (1890-1916), volume planeado por Fernando Pessoa, executor literário do amigo precocemente suicidado, que até hoje nunca vira a luz do dia. Isso acontece agora, pela mão exigente e criteriosa de Vasco Silva, no ano do centenário de Sá-Carneiro. Nas suas quase seiscentas páginas, colige o texto programático que Pessoa publicou na revista Athena em Novembro de 1924, bem como Dispersão, Indícios de Ouro, Manucure e Últimos Poemas, duas narrativas em prosa — A Confissão de Lúcio e Céu em Fogo —, além de textos avulsos, correspondência entre Pessoa e João Gaspar Simões, cartas astrológicas, uma entrevista e as respostas a um inquérito. Não se trata, portanto, de uma edição crítica, mas do Sá-Carneiro que Pessoa considerava essencial. Na Nota Editorial, Vasco Silva dá conta da metodologia seguida (as edições de referência para a fixação do texto). Uma minuciosa cronologia, índice de primeiros versos e bibliografia, completam o volume. Acrescentar que a edição, de capa dura e esmerado apuro gráfico, resulta de um mecanismo de financiamento colectivo por parte de um grupo de leitores. Cinco estrelas. Publicou a E-Primatur.