Ferreira Fernandes, hoje no Diário de Notícias. Excerto, sublinhado meu:
«Henrique Raposo é cronista do Expresso e acaba de escrever um livro sobre si e os seus. E sobre o Alentejo, que veio por arrasto, porque a família de Raposo emigrou de lá para a periferia de Lisboa. E sobre o Alentejo, que se tornou a personagem do livro porque o autor andou-se à procura [...] E mais não digo, porque não cabe aqui mais do que aqui me traz. E o que aqui me traz é o seguinte: o Henrique Raposo tem direito a escrever o que lhe der na gana. Sucedeu depois outra coisa: muitas pessoas não gostaram do livro e passaram a não gostar do Raposo (ou já vinha de trás). Sobre isso, o seguinte: também têm direito. Até de não gostarem, não tendo lido, e não gostarem pela cara do Raposo. Têm direito a isso e a dizê-lo. Olha, até podem fazer um livro sobre o Raposo. [...] Essa é a fronteira que não podem ultrapassar. Não podem tentar calar livro e autor. O livro ia ser lançado num sítio mas já não vai, para o sítio não estar ligado ao livro — o que não diz nada do livro, e muito do sítio. Mudou-se para outro lugar, Bertrand (Picoas), dia 8, às 18.30, e a editora avisou a PSP. Fiquei avisado: devo lá estar.»
Post scriptum meu: Alentejo prometido, o livro em apreço, com o estar bem escrito, demonstra algumas verdades incómodas. Quarenta anos de democracia não foram suficientes para Portugal conseguir olhar-se ao espelho. Triste.