Quem tem familiares ou amigos a viver no Brasil há mais de 30 anos e, por essa razão, recebe informação detalhada da realidade local, percebe que o abandalhamento atingiu níveis homéricos. Se não renunciar, Dilma está a um passo do impeachment. Igual percepção têm os que lêem a imprensa brasileira com regularidade. Hoje, domingo, exigindo a destituição da Presidente, realizam-se manifestações em cerca de 200 cidades. Os mais informados sabem que substituir Dilma por Aécio Neves teria como consequência uma forte guinada à Direita para trocar os bolsos à propina. Michel Temer seria sempre uma solução de intervalo. Fui ver o que é que o Público pensa de tudo isto (o Público é um jornal que tem sempre jornalistas a voar para o Rio na cola de escritores muito lá de casa) e descubro o quê? A preocupação número um dos portugueses é o cinema francês, a quem o jornal dedica hoje dez páginas (4-13), entre reportagem, entrevista, gráficos, estatísticas e opinião. Sobre Dilma nem uma linha. Então ficamos assim.