sábado, 10 de abril de 2021

CONCLUSÃO

Para pôr um ponto final no assunto, a que não tenciono voltar antes de Setembro, data em que o recurso do MP deve chegar à Relação de Lisboa (não esquecer que aos quatro meses requeridos para recurso há que somar o período de Verão das férias judiciais, que se prolongam até 31 de Agosto), deixo uma nota de perplexidade.

A metade do país que tem ódio jurado a Sócrates ficou impressionada com o facto de, em 189 crimes distribuídos por 28 arguidos, apenas dezassete, distribuídos por 5 arguidos, terem tido acolhimento do juiz de instrução.

Verdade que personagens como Granadeiro, Bava, Barroca, Bataglia, etc., não foram pronunciados por nenhum crime. E aquela parte do povo sedenta de um ajuste de contas com o 25 de Abril quer uma versão pós-moderna do Processo dos Távoras. 

Mas Sócrates não saiu incólume, tal como Salgado, Vara, Santos Silva e o motorista do antigo primeiro-ministro. Mais: Sócrates ouviu o juiz dizer-lhe, olhos nos olhos, que não acredita na tese dos empréstimos. É o momento mais arrasador da leitura do despacho de pronúncia.

Aqui chegados, o MP tinha uma oportunidade de ouro para deixar prosseguir o caso. Porque Sócrates vai ter de responder por três crimes de branqueamento de capitais e outros três de falsificação de documento (o mesmo sucedendo ao amigo Santos Silva). Insistir na novela desmontada por Ivo Rosa terá como consequência arrastar o caso por mais 12 ou 15 anos, sem garantia de sucesso.

Não é preciso ter formação jurídica para perceber que a narrativa do MP visa julgar o regime. O resto é folclore.