A menos de 24 horas da sessão do Congresso que se reúne para validar o resultado do Colégio Eleitoral e, portanto, a confirmação de Biden como 46.º Presidente dos Estados Unidos, avoluma-se o temor de que a sessão seja tudo menos o cerimonial que a Constituição prevê.
Porquê? Porque onze senadores e mais de metade dos congressistas republicanos tencionam contestar os números, confiando em que Pence os rejeite.
Contrariando a fronda, o republicano John Michael Luttig, um académico de prestígio, antigo Procurador-Geral e juiz do Tribunal de Apelações dos Estados Unidos, conhecido pelas suas posições conservadoras, fez hoje um statement sobre a iniquidade dessas posições: «A única responsabilidade e poder do vice-Presidente, segundo a Constituição, é contar fielmente os votos do Colégio Eleitoral tal como estão. A Constituição não autoriza o vice-Presidente a alterar de forma alguma os votos registados, rejeitando alguns ou actuando de outra forma.»
A violência sobe de tom. Verificaram-se actos de vandalismo contra as residências da democrata Nancy Pelosi, presidente da Câmara dos Representantes, e do republicano Mitch McConnell (um apoiante de Trump que reconhece a vitória de Biden), líder da maioria no Senado. Em casa de Ms Pelosi foi colocada uma cabeça decapitada de porco. E a de McConnell foi toda grafitada.
Entretanto, Enrique Tarrio, cubano, líder e porta-voz dos Proud Boys, a organização de extrema-direita que apoia Trump na alegação de fraude eleitoral, foi preso ontem à noite, acusado de destruir propriedade pública. Juntamente com outras organizações supremacistas brancas, os Proud Boys, um gang exclusivamente masculino, participam amanhã na marcha de protesto contra a certificação da vitória de Biden.
Mas a Guarda Nacional do Distrito de Colúmbia e o Departamento de Polícia Metropolitana de Washington estão preparados para o pior, como esclareceu o major-general William J. Walker.