sexta-feira, 26 de abril de 2019

EUROPEIAS


Sondagem da Pitagórica para a TSF e o Jornal de Notícias, divulgada esta manhã.

Maioria de esquerda = 48,1%. PSD+CDS = 35,6%.

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quinta-feira, 25 de abril de 2019

CANTO PENINSULAR


Canto Peninsular /  Manuel Alegre


Estar aqui dói-me. E eu estou aqui
há novecentos anos. Não cresci nem mudei.
Apodreci.
Doem-me as próprias raízes que criei.

Foi a guerra e a paz. E veio o sol. Veio e passou
a tempestade.
Muita coisa mudou. Só não mudou
este monstro que tem a minha idade.

E foi de novo a guerra e a paz. Muita coisa mudou
em novecentos anos.
Eu é que não mudei. Neste monstro que sou
só os olhos ainda são humanos.

Quantas vezes gritei e não me ouviram
quantas vezes morri e me deixaram
nos campos de batalha onde depois floriram
flores e pão que do meu sangue se criaram.

Andei de terra em terra
por esse mundo que de certo modo descobri.
E fui soldado contra a minha própria guerra
eu que fui pelo mundo e nunca saí daqui.

Mil sonhos eu sonhei. E foram mil enganos.
Tive o mundo nas mãos. E sempre passei fome.
Eis-me tal como sou há novecentos anos
eu que não sei escrever o meu próprio nome.

Falam de mim e dizem: é um herói.
(Não sei se por estar morto ou porque ainda não morri)
Mas nunca ninguém disse a razão porque me dói
estar aqui.

45 ANOS


Completam-se hoje 45 anos de regime democrático, ou, se preferirem, 45 anos de Segunda República. O facto de já ter durado mais do que durou o Estado Novo (1933-1974) não nos autoriza a baixar a guarda.

A Primeira República (1910-1926) foi interrompida pelo pronunciamento dos militares que desceram de Braga a Lisboa para impor a ditadura militar, travestida de civil com a eleição de Carmona, por sufrágio universal, em 1928.

Infelizmente, tal como a Primeira República não conseguiu mudar as mentalidades do país monárquico, conservador e ultramontano que dominou o país durante a primeira metade do século XX, o regime democrático, ou, se preferirem, a Segunda República, não tem sido capaz de fazer a pedagogia da democracia.

É contra o laissez-faire galopante que temos de lutar todos os dias.

terça-feira, 23 de abril de 2019

DAESH REIVINDICOU


À medida que surgem novas revelações, aumenta o horror e a perplexidade sobre o massacre de Domingo de Páscoa no Sri Lanka. O número de mortos identificados subiu para 359, sendo estrangeiros 36 (um português). Um terço dos mortos eram crentes que estavam na Igreja de São Sebastião, em Negombo. Continuam internadas 532 pessoas, 29 das quais nos cuidados intensivos.

Sete das oito explosões foram efectuadas por bombistas suicidas (seis homens e uma mulher), e apenas uma por detonador à distância. Os sete bombistas suicidas pertenciam a famílias das altas classes médias do Sri Lanka, tendo alguns estudado em universidades do Reino Unido. Continuam a ser encontrados explosivos em vários locais de Colombo, incluindo o aeroporto internacional.

Até ao momento, foram presas 40 pessoas ligadas ao grupo extremista National Thowheeth Jama'ath.

Ranil Wickremesinghe, o primeiro-ministro, confirmou que os serviços secretos foram avisados com quinze dias de antecedência por homólogos seus estrangeiros, mas não fizeram circular a informação pelos canais apropriados. A Índia até fez dois avisos, um deles duas horas antes dos ataques.

Ruwan Wijewardene, o ministro da Defesa, alega que os ataques foram uma resposta à morte de muçulmanos em Christchurch, na Nova Zelândia.

Na imagem, detalhe da fachada da Igreja de Santo António, em Colombo.

DIA MUNDIAL DO LIVRO


No Dia Mundial do Livro quero chamar a atenção para uma obra há muito esgotada que importa trazer de volta às livrarias — Declínio e Queda do Império Romano, de Edward Gibbon (1737-1794), editado por D.M. Low.

Originalmente publicado em seis volumes, a edição portuguesa, e presumo que outras, compactou-o em dois, de 500 páginas cada, apesar da mancha gráfica apertada e do corpo de letra micro. Mais de duzentos anos após a sua publicação (1789), a historiografia do período deu um salto, mas o livro de Gibbon continua a ser fascinante.

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segunda-feira, 22 de abril de 2019

ACTOR. E DAÍ?


Não percebo o espanto com a eleição de Volodymyr Zelenskiy. O novo Presidente da Ucrânia foi ontem eleito com 73,5% dos votos expressos, derrotando e humilhando Poroshenko.

Zelenskiy é actor de cinema e televisão. E daí? Catarina Martins, a líder do BE, não foi actriz? Ronald Reagan era actor, facto que não o impediu de ser duas vezes eleito Presidente dos Estados Unidos. Arnold Schwarzenegger, que até nasceu na Áustria e tem dupla nacionalidade, foi actor até ser duas vezes eleito Governador da Califórnia. Melina Mercouri, actriz, foi eleita deputada e mais tarde nomeada ministra da Cultura da Grécia. Os cinemas inglês, francês e americano estão cheios de actores e actrizes que fazem política activa. Os exemplos não acabam.

Zelenskiy começou aos 17 anos como moranguito...? E daí? Reagan não passou de cowboy em westerns de série B e Schwarzenegger notabilizou-se como Terminator. E nem vale a pena falar de Trump, que era apresentador de reality shows nos intervalos de ser promotor imobiliário.

Também me parece excessivo dizer que Zelenskiy «não tem» experiência política. É activista do Partido Sluha Narodu (Servo do Povo), designação actual do Partido da Mudança Decisiva. «Servo do Povo» é também o nome da série de televisão em que Zelenskiy faz de presidente.

Para quem não tem experiência política, é curioso que tenha opiniões claras sobre os temas que defende: acabar com a guerra no Donbass (o Leste russófilo da Ucrânia); a legalização do aborto, da cannabis para uso clínico, da prostituição e do jogo; a ilegalização da venda livre de armas. Favorável ao ingresso do país na UE e na NATO, diz que nada se fará nesse sentido sem referendos prévios. Também se opõe à discriminação de intelectuais e artistas em função das suas opções ideológicas.

Só o futuro dirá se, como afirma Poroshenko, é um pau mandado de Ihor Kolomoyskyi, o oligarca ucraniano que detém a maior fortuna do país. Zelenskiy até pode ser um desastre, mas não será por ser actor. A ver vamos.

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domingo, 21 de abril de 2019

PÁSCOA DE SANGUE


Oito explosões em três cidades diferentes, das quais seis em simultâneo (08:45 da manhã em Colombo, no Sri Lanka), e as duas mais recentes nos últimos 50 minutos, fizeram até ao momento cerca de seiscentas vítimas: 185 mortos, um deles português, e mais de 400 feridos.

Foram atacadas três igrejas, quatro hotéis de luxo e uma rua movimentada.

Ruwan Wijewardene, ministro da Defesa, declarou que os autores do massacre, extremistas religiosos, estão identificados. Foi decretado o recolher obrigatório a partir das 18 horas locais, 12:30 em Portugal.

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