sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

EUROSONDAGEM


Maioria de Esquerda = 55,3%. Sozinho, o PS continua a ultrapassar a PAF. Clique na imagem do Expresso para ler melhor.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

ALBERTO BARRERA TYSZKA


Hoje na Sábado escrevo sobre Pátria ou Morte, romance de Alberto Barrera Tyszka (n. 1960), escritor venezuelano até agora inédito em Portugal. O fenómeno da ascensão e morte de Hugo Chávez é o tema central do livro. Romancista, guionista de televisão, cronista e poeta, Tyszka vive no México desde 2014, facto que não o impede de estar bem informado sobre o regime bolivariano. Foco central da intriga: dúvidas relacionadas com as circunstâncias da morte de Chávez, cada episódio clínico datado com precisão. O romance é um pretexto para falar da Venezuela actual. Citando fontes de uma organização independente, Fredy, um dos personagens do livro, repórter de profissão, reflecte sobre o quotidiano de violência num país onde, «durante o ano de 2011, tinham ocorrido diariamente 52 assassinatos» e, nessa medida, «não há jornalistas suficientes para cobrir tanto sangue.» Mas o plot centra-se na figura de Chávez, o homem que a partir de 1999 fez da Venezuela um «parque temático dos anos setenta […] um espaço onde levar a passear as nostalgias» dos intelectuais orgânicos. Estribado num «modelo autoritário baseado no culto da personalidade», Chávez atirava Gramsci a populações esfomeadas. O livro está construído como um guião de novela. Uma miríade de personagens, cada uma com a sua história pessoal, compõe o pano de fundo. O oncologista Sanabria, de formação humanista; Vladimir, o apparatchik que acompanhou Chávez a Cuba; Madeleine Butler, a jornalista americana à procura do “furo” da sua carreira; Maria, a rapariguinha proibida de ir à escola para não ser vítima de uma bala perdida, mas viu a mãe ser morta à queima-roupa; e vários outros, entre eles um português. O puzzle nem sempre resulta. O mais interessante é a informação lateral. Por exemplo, a extensão da presença cubana na Venezuela, em sectores tão diferentes como a «cooperação médica, desportiva e cultural», mas também na melindrosa «gestão do sistema nacional de identificação», registos mercantis e cartórios públicos incluídos, sem esquecer o braço longo da polícia política de Fidel. O excludente silêncio em torno da doença de Chávez é explorado em todos os matizes: «E o país, fundado em volta da sua voz, estava desconcertado…» A tentação do thriller é grande mas não tem eficácia. Três estrelas. Publicou a Porto Editora.

MAIS UMA

Por 494 votos contra 122, o Parlamento britânico aprovou a redacção final do diploma do Governo relativo à condução do Brexit. Theresa May soma e segue. Corbyn, o líder trabalhista, bem pode dizer que a decisão não é um cheque em branco. Então é o quê?

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

CADA VEZ MELHOR


Por 332 contra 290 votos, o Parlamento britânico acaba de chumbar a lei que previa autorização de residência para todos os imigrantes oriundos de países da UE. São estrangeiros, ponto final.

Clique na imagem do Guardian.

MAY VENCE DE NOVO

No passado 17 de Janeiro, Theresa May fez um statement duro em Lancaster House. Ou as negociações com a UE correm nos termos definidos pelo Reino Unido, ou o país bate com a porta de forma unilateral. Como não é previsível que a Comissão Europeia lhe faça a vontade, percebe-se melhor, a cada dia que passa, o intuito da primeira-ministra britânica: sair a qualquer custo. A frase é inequívoca: «Nenhum acordo para o Reino Unido é melhor do que um mau acordo para o Reino Unido

O modelo de longas negociações, tão caro aos europeus, não quadra com o espírito british. Com aval do Parlamento desde o passado dia 1, Theresa May pode accionar o Artigo 50 quando quiser. Foi isso que decidiram 498 deputados contra 114. Ontem foi ultrapassado novo obstáculo: os críticos que exigiam poder de veto às condições negociais foram derrotados por 326 votos contra 293. O Governo fica livre para fazer como bem entender. Satisfeito com o resultado, David Jones, o ministro encarregue de negociar o Brexit com Bruxelas, sublinhou que não fazia sentido sujeitar um acordo fechado a votação: «Seria um sinal de fraqueza da nossa parte.» Portanto, só falta mesmo carregar no botão.