sábado, 22 de agosto de 2015

PRIORIDADES


É impressão minha ou a nossa querida imprensa de referência omite o atentado de ontem no Thalys que circulava entre Amesterdão e Paris? Importante mesmo é o festival Vodafone que se realiza nas imediações do Corno do Bico. A imagem é do Libération. Clique.

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

DAMON GALGUT


Hoje na Sábado escrevo sobre Verão Ártico, do romancista e dramaturgo sul-africano Damon Galgut (n. 1963), que neste livro ficciona parte da vida de E. M. Forster. Forster é um nome central da literatura de língua inglesa, autor de romances que o cinema popularizou — entre vários, sirva de exemplo Passagem para a Índia, de David Lean —, livros de viagem, biografias, o libreto de uma ópera de Britten, bem como colectâneas de crítica literária e ensaios, entre eles o imprescindível Aspects of the Novel, de 1927. Galgut faz um compósito dos vários períodos em que o autor de Howards End viveu na Índia, em especial a época em que foi secretário pessoal do marajá de Dewas. O romance subsume informação dos diários e da correspondência de Forster, com envios à respectiva obra. Importa referir que Arctic Summer é o título de um romance que Forster começou a escrever em 1909 mas nunca concluiu. O plot gira em torno da condição homossexual de Forster: equívocos, aventuras a coberto da permissividade que o cargo permitia, paixão não correspondida por Syed Ross Masood (e outros), etc. Edward Carpenter e Kavafis surgem citados em nome próprio, na medida em que Forster privou com ambos. Longe de ser o melhor livro de Galgut, Verão Ártico lê-se com agrado. Três estrelas.

RUÍDO

Francamente, não percebo a tese do ruído. Essa que coarcta o direito de emitir opinião sobre as Presidenciais antes das Legislativas. Lembrar que Jorge Sampaio (contra a vontade de Guterres) anunciou formalmente a sua disposição em candidatar-se à Presidência da República em Fevereiro de 1995, onze meses antes das eleições Presidenciais que venceria logo à 1.ª volta (com 53,9% dos votos, derrotando Cavaco) e, ponto importante, oito meses antes das eleições Legislativas de Outubro de 1995 que deram a vitória a Guterres. Et pour cause...

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

CONVINHA REEDITAR, 3


Thomas Edward Lawrence, que passou à História como T. E. Lawrence (1888-1935), ou mais simplesmente como Lawrence da Arábia, foi tradutor de Homero, arqueólogo, militar e agente secreto britânico durante a Revolta Árabe que durou de Junho de 1916 a Outubro de 1918, no Império Otomano. A posteridade fixou o seu nome como autor de Seven Pillars of Wisdom, o livro que escreveu entre 1919 e 1922, ano de publicação da primeira versão da obra, destinada a pouco mais de cem assinantes. O livro que a partir de 1926 foi traduzido e publicado em dezenas de países é uma versão reduzida dessa edição de Oxford. Em 1997, o biógrafo de Lawrence, Jeremy Wilson — Lawrence of Arabia: The Authorized Biography of T. E. Lawrence, 1990 — deu à estampa aquela que é considerada a versão canónica de Seven Pillars of Wisdom, sem as rasuras dos anos 1920.

Razão acrescida para reeditar Os Sete Pilares da Sabedoria que a Europa-América publicou em 1989 (a partir da edição de 1926), de preferência com nova tradução e uma mancha gráfica menos compacta.

terça-feira, 18 de agosto de 2015

DISCURSO DIRECTO, 7


Manuel Alegre, hoje no Diário de Notícias. Excertos, sublinhado meu:

«Era minha intenção não me pronunciar sobre presidenciais antes das legislativas, que são, para os socialistas, a prioridade das prioridades. Mas algumas afirmações feitas ultimamente sobre a pessoa de Maria de Belém obrigam-me a tomar posição. [...] Maria de Belém é uma socialista substantiva, com uma longa biografia política e provas dadas na luta pelos valores da liberdade, pelos direitos sociais, pela igualdade de género e pelos serviços públicos que simbolizam a natureza progressista e igualitária da nossa democracia: Serviço Nacional de Saúde, escola pública, Segurança Social. Sabe-se quem é, que posições tomou, que causas defendeu, em quem votou. A sua atividade, tanto nas lutas académicas anteriores ao 25 de Abril como no processo da construção da democracia, foi sempre orientada pela recusa de qualquer forma de ditadura, pela defesa da liberdade e da justiça social. É tempo de Portugal ter uma mulher na Presidência da República. Muitas das críticas a Maria de Belém partem de preconceitos sexistas e machistas. Não há proprietários da esquerda nem monopólio de candidaturas. [...] Apoiarei uma candidatura de Maria de Belém porque não me considero órfão de ninguém nem admito que o PS e a esquerda se resignem a perder a eleição presidencial. [...]»

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

E O GRUPO DOS TREZENTOS?

Cito o DN — «Hoje, um em cada cinco trabalhadores (19,6%) ganha o salário mínimo nacional de 505 euros por mês. Em 2011, antes das medidas de ajustamento impostas pelos credores, apenas 11,3% recebiam a remuneração base, então de 485 euros. É um aumento de 73,6% segundo os números do Ministério da Economia

Eu gostava era de conhecer a percentagem dos que ganham ABAIXO do salário mínimo nacional, com o argumento de que o horário de trabalho é inferior a 40 horas por semana. E não estou a falar de trabalhadores de call center ou de lojas de bairro ou de restaurantes étnicos. Estou a falar de empresas de primeira linha. Quantos são? Isso é que era interessante saber.

FUTUROLOGIA

Admitindo com boa vontade que o resultado das próximas legislativas corrobora os números das sondagens conhecidas até ao momento, e que os indecisos diminuem, e que o voto útil reforça a bipolarização, um exercício de futurologia poria o PS com 41% dos votos e a coligação PAF com 37%. Portanto, mais votos para o PS. Porém, a distribuição desses votos pelos círculos (não esquecer as ilhas e a emigração) poderia dar 108 deputados à coligação PAF e 107 ao PS. Mais votos, menos deputados, não é uma impossibilidade. Um imbróglio.

domingo, 16 de agosto de 2015

BRASIL, HOJE

Quem tem familiares ou amigos a viver no Brasil há mais de 30 anos e, por essa razão, recebe informação detalhada da realidade local, percebe que o abandalhamento atingiu níveis homéricos. Se não renunciar, Dilma está a um passo do impeachment. Igual percepção têm os que lêem a imprensa brasileira com regularidade. Hoje, domingo, exigindo a destituição da Presidente, realizam-se manifestações em cerca de 200 cidades. Os mais informados sabem que substituir Dilma por Aécio Neves teria como consequência uma forte guinada à Direita para trocar os bolsos à propina. Michel Temer seria sempre uma solução de intervalo. Fui ver o que é que o Público pensa de tudo isto (o Público é um jornal que tem sempre jornalistas a voar para o Rio na cola de escritores muito lá de casa) e descubro o quê? A preocupação número um dos portugueses é o cinema francês, a quem o jornal dedica hoje dez páginas (4-13), entre reportagem, entrevista, gráficos, estatísticas e opinião. Sobre Dilma nem uma linha. Então ficamos assim.