domingo, 5 de dezembro de 2021

EUGÉNIO DE ANDRADE


UM POEMA POR SEMANA — Para este domingo escolhi Green God de Eugénio de Andrade (1923-2005), poeta que levou ao limite a elipse do confessionalismo.

Natural da Póvoa de Atalaia, no Fundão, passou a infância e a adolescência entre Castelo Branco, Coimbra e Lisboa, radicando-se no Porto em Dezembro de 1950, cidade onde viveu até morrer e faria dele cidadão honorário.

Estreou-se em livro ainda com o nome civil, José Fontinhas. A edição de Narciso (1939), o livro inaugural, foi paga por António Botto. Ao publicar Adolescente (1942) adopta o pseudónimo que o celebraria. Mais tarde renegaria toda a obra anterior a 1948.

Homossexual notório, a obra e a intervenção cívica elidem essa identidade.

Por iniciativa da Câmara do Porto foi criada em 1991 a Fundação Eugénio de Andrade (extinta em 2011), em cujas instalações o poeta passou a residir.

Poeta popular —  no sentido em que o foram Florbela Espanca, António Gedeão e Ary dos Santos —, nem por isso deixou de receber o reconhecimento formal da Academia.

Largamente traduzido e antologiado, traduziu ele próprio as Lettres Portugaises de Mariana Alcoforado (a freira de Beja), bem como, entre outros, Lorca, Ritsos e Borges. Também publicou prosa — Os Afluentes do Silêncio, de 1969, é um dos títulos centrais da obra —, incluindo literatura para a infância. Em 1999 deu à estampa uma Antologia Pessoal da Poesia Portuguesa, que nas suas sucessivas edições vai de Roi Fernandez de Santiago, poeta do século XIII, a Ruy Belo (1933-1978). 

No século XX, nenhum poeta gozou como ele de tantas celebrações institucionais. Depois de receber todos os prémios que havia para receber, foi laureado com o Prémio Camões em 2001. Foi ainda condecorado: Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada em 1982, Grã-Cruz da Ordem do Mérito em 1989.

O poema desta semana pertence à obra que o consagrou, As Mãos e os Frutos (1948). A imagem foi obtida a partir de Poesia, volume da obra poética completa publicado em 2000 pela Fundação Eugénio de Andrade.

[Antes deste, foram publicados poemas de Rui Knopfli, Luiza Neto Jorge, Mário Cesariny, Natália Correia, Jorge de Sena, Glória de Sant’Anna, Mário de Sá-Carneiro, Sophia de Mello Breyner Andresen, Herberto Helder, Florbela Espanca, António Gedeão, Fiama Hasse Pais Brandão, Reinaldo Ferreira, Judith Teixeira, Armando Silva Carvalho, Irene Lisboa, António Botto, Ana Hatherly, Alberto de Lacerda, Merícia de Lemos, Vasco Graça Moura, Fernanda de Castro, José Gomes Ferreira, Natércia Freire, Gomes Leal, Salette Tavares, Camilo Pessanha, Edith Arvelos, Cesário Verde, António José Forte, Francisco Bugalho, Leonor de Almeida, Carlos de Oliveira, Fernando Assis Pacheco, José Blanc de Portugal, Luís Miguel Nava e António Maria Lisboa.]

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