segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

GEORGE STEINER 1929-2020


Morreu hoje George Steiner, ensaísta, crítico literário e professor de literatura comparada nas universidades de Genebra, Oxford, Nova Iorque, Harvard e Cambridge.

Steiner nasceu em Neuilly-sur-Seine, um subúrbio elegante de Paris, no seio de uma família de banqueiros judeus-austríacos emigrada em França desde 1924 para fugir ao anti-semitismo dos círculos vienenses. No início de 1940, os Steiner mudaram-se para Nova Iorque. Morreu em Cambridge, na Inglaterra, onde vivia há muitos anos. Tinha 90 anos.

«Gostava de ser lembrado como um bom professor de leitura...», disse numa entrevista em 1994.

Entre os cerca de quarenta livros que escreveu, inclui-se um romance sobre Hitler — The Portage to San Cristobal of A.H., 1981 —, e quatro colectâneas de contos.

Mas é o Steiner ensaísta que fica. Gostaria de destacar quatro títulos: Linguagem e Silêncio (1958), Extraterritorial (1968), Errata (1997, autobiografia), e Gramáticas da Criação (2001). Humanista, preocupava-se com temas tão diferentes como as origens da linguagem, a escrita extraterritorial que caracteriza grande parte da literatura universal, o significado do mito da Torre de Babel, o acto de traduzir, etc. A fama chegou na segunda metade dos anos 1960, quando sucedeu a Edmund Wilson na secção de crítica literária da New Yorker. Um dos volumes da sua vasta obra colige precisamente os textos publicados na revista entre 1967 e 1997.

Como escrevi um dia, ler Steiner é ouvir o turbilhão de um pensamento ágil, articulado nas suas mais subtis harmónicas. Sempre admirável.

Deixa viúva a historiadora britânica Zara Shakow Steiner, com quem casou em 1955.

Na imagem, Steiner em 2008. Clique.