Em 1980, Jean-Jacques Servan-Schreiber (1924-2006) escreveu um livro premonitório, Le Defi Mondial, publicado em simultâneo em quinze países: França, Arábia Saudita, Argentina, Áustria, Brasil, Espanha, Finlândia, Holanda, Índia, Israel, Itália, Japão, Líbano, Noruega e Portugal. No ano seguinte venceu a barreira do mundo de língua inglesa, tornando-se um bestseller planetário. Quanto sei, depois dele apenas publicou, em dois volumes, as suas memórias. Uma doença do foro neurológico afastou-o de tudo em 1996.
Escritor, jornalista, fundador de L’Express, presidente do Parti Radical e, mais tarde, do Mouvement Réformateur, “inventor” da UDF, ministro de Giscard d’Estaing, mogul da vida política parisiense, Servan-Schreiber provoca muitos anticorpos.
Mas é fascinante ver como, há trinta anos, foi capaz de fazer a radiografia do mundo em que vivemos hoje: guerras por causa do petróleo, terror global, microcomputadores, robotização crescente, afirmação das monarquias do Golfo, migrações em massa, etc. As cabecinhas bem-pensantes franziram os sobrolhos, mas todos os dias acordamos com a realidade descrita por antecipação neste livro que reencontrei há pouco por acaso.