segunda-feira, 26 de novembro de 2018

BERNARDO BERTOLUCCI 1941-2018


Agora que Bertolucci nos deixou, talvez não fosse má ideia a RTP transmitir um ciclo de filmes seus, começando com o extraordinário Novecento, que entre nós se chamou 1900. Como muito gente estará lembrada, o filme, devido à sua duração, era exibido em duas partes, de 160 minutos cada, a primeira no São Jorge, e a segunda no Mundial, que já não existe (era na Rua Martens Ferrão, em Picoas, junto ao palácio Sotto Mayor). Nunca mais se fez um filme como Novecento, hoje mais do que nunca importante, porque ajuda a explicar os últimos cem anos.

Mas também me apetecia rever O Conformista, A estratégia da aranha, La Luna, A tragédia de um homem ridículo, Os sonhadores. Bertolucci é um mestre de interditos, sem as transgressões operáticas de Visconti, os álibis intelectuais de Antonioni, ou a cenografia do excesso que fez a imagem de marca de Fellini, e talvez por isso, até por ter construído a obra no início do ocaso do cinema europeu, não gozou da idolatria votada a este trio de conterrâneos.

Vá, não custa nada, e não é preciso ir buscar o filme que deu novos usos à margarina, nem o outro que lhe valeu um óscar.