quarta-feira, 24 de agosto de 2016

EUROPA 2016

Merkel, Hollande e Renzi, o anfitrião, reuniram-se anteontem a bordo do porta-aviões Giuseppe Garibaldi, que por acaso participa neste momento numa operação naval da NATO em curso no Mediterrâneo. Unir a Europa pós-Brexit foi o móbil das três grandes potências económicas da UE. Tudo se passou ao largo da ilha de Ventotene, onde, em 1941, durante a Segunda Guerra Mundial, Ernesto Rossi e Altiero Spinelli, dois intelectuais antifascistas, redigiram um manifesto sobre os benefícios futuros de uma Europa federada. No momento actual, a mise-en-scène teve o efeito contrário.

O nó górdio parece residir na acumulação, cada vez mais evidente, de sinais de implosão da Ucrânia, um tema que parecia adormecido. Mas nos círculos diplomáticos e da intelligence militar comenta-se em voz alta uma invasão russa em larga escala, ainda este ano. Isso mudou tudo. Neste preciso momento, o Governo Alemão prepara-se para aprovar um pacote de defesa civil, com directivas à população que incluem racionamento alimentar e de energia, além de medidas concretas a que ficarão obrigados os hospitais, os serviços públicos e as empresas privadas (sobretudo no tocante à reconstrução de infraestruturas vitais que tenham de ser reconstruídas), uns e outros sob supervisão do ministério do Interior e das Bundeswehr, ou seja, as Forças Armadas. A eventual reintrodução do serviço militar obrigatório está em cima da mesa de Merkel. Por vontade de Thomas de Maizière, o ministro do Interior, começava hoje.

O ‘pacote’ constitui mera prevenção? Se é assim, chega tarde. O ponto é saber se o receio vem de uma guerra na Europa, ou da possibilidade de uma vaga de ataques terroristas contra centrais nucleares alemãs, redes de transportes, sistemas de distribuição de água, gás e electricidade, etc., sem excluir o terrorismo cibernético, o qual afectaria todos estes sectores.

Aguardar para ver.