Só em Julho, cerca de 110 mil pessoas atravessaram o Mediterrâneo para entrar na Europa. Em 2014 foi um terço deste número. É a maior vaga migratória dos últimos 70 anos. Até há poucos meses vinham da Líbia, embora nos barcos da morte com destino a Lampedusa viessem refugiados de outros países do Magreb. Agora tudo mudou. Oriundos da Síria, do Iraque, do Afeganistão, da Eritreia, do Sudão e do Paquistão, dezenas de milhares de refugiados (um estatuto que não faz sentido aplicar aos paquistaneses) atravessaram a fronteira da Grécia com a Macedónia, onde foram metidos em comboios com destino à Sérvia. Vão esbarrar no muro que a Hungria colocou na frontreira. Ao pé disto, o que se passa em Calais e no Túnel da Mancha é pouco mais que um faits divers. Merkel e Hollande vão hoje discutir o assunto.