domingo, 19 de setembro de 2021

FERNANDO ASSIS PACHECO


UM POEMA POR SEMANA — Para este domingo escolhi A Bela do Bairro de Fernando Assis Pacheco (1937-1995), poeta maior da geração de 70.

Natural de Coimbra, onde estudou (seria sobre o poeta inglês Stephen Spender que faria a sua tese de licenciatura), nunca teve outra profissão senão a de jornalista. Na juventude foi actor de teatro no TEUC e no CITAC. 

Assinava uma coluna de crítica literária — o Bookcionário — sem rival na imprensa portuguesa, sínteses breves, bem fundamentadas, do que importava destacar. Estreou-se em livro com Cuidar dos Vivos (1962), chamando a atenção da crítica dez anos mais tarde, quando publicou Câu Kiên: Um Resumo (1972), reeditado em 1976 como Catalabanza, Quilolo e Volta para melhor se perceber de que guerra os poemas falavam.

Muita gente percebeu tarde que o Assis não era apenas o gajo porreiro (e culto) dos jornais, o autor da novela pícara Walt (1978), o tradutor de Neruda e Gabriel García Márquez, o jornalista que tratava os grandes por tu. Quando Rui Martiniano, o editor da Hiena, pôs na rua A Musa Irregular (1991), o grande público descobriu um grande poeta.

Morreu subitamente aos 58 anos, à porta da Livraria Buchholz, de Lisboa.

O poema desta semana pertence à plaquette privada A Bela do Bairro e Outros Poemas (1986), mais tarde integrado em volume próprio. Consta da obra poética completa do autor: A Musa Irregular (1991). A imagem foi obtida a partir da referida plaquette.

[Antes deste, foram publicados poemas de Rui Knopfli, Luiza Neto Jorge, Mário Cesariny, Natália Correia, Jorge de Sena, Glória de Sant’Anna, Mário de Sá-Carneiro, Sophia de Mello Breyner Andresen, Herberto Helder, Florbela Espanca, António Gedeão, Fiama Hasse Pais Brandão, Reinaldo Ferreira, Judith Teixeira, Armando Silva Carvalho, Irene Lisboa, António Botto, Ana Hatherly, Alberto de Lacerda, Merícia de Lemos, Vasco Graça Moura, Fernanda de Castro, José Gomes Ferreira, Natércia Freire, Gomes Leal, Salette Tavares, Camilo Pessanha, Edith Arvelos, Cesário Verde, António José Forte, Francisco Bugalho, Leonor de Almeida e Carlos de Oliveira.]

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