quarta-feira, 15 de abril de 2020

RUBEM FONSECA 1925-2020


Vítima de ataque cardíaco, morreu hoje Rubem Fonseca, o maior escritor brasileiro do século XX e, nessa medida, um dos grandes nomes da literatura de língua portuguesa.

Como disse o argentino Tomás Eloy Martínez, «Fonseca instala o medo ou o mal no próprio interior da linguagem.» Poucas vezes um juízo crítico foi tão exacto.

Formado em Direito, Rubem Fonseca foi polícia entre 1952 e 1958, experiência que paira como uma sombra sobre toda a obra. A dose de malignidade da sua ficção é indissociável da passagem do autor pelas esquadras do Rio de Janeiro.

Estreou-se tarde: tinha 38 anos quando os primeiros contos foram publicados, e 48 quando saiu o primeiro romance. Depois não parou. Cerca de quarenta livros, metade dos quais publicados em Portugal, fizeram dele um guru das letras brasileiras. Destacaria Lucia McCartney (1967), O caso Morel (1973), Feliz Ano Novo (1975), O cobrador (1979), A Grande Arte (1983), Bufo & Spallanzani (1985), Agosto (1990, sobre o atentado contra Carlos Lacerda que em 1954 precipitou o suicídio de Getúlio Vargas) e O seminarista (2009). A obra posterior tem pouco interesse.

Seis vezes laureado com o Prémio Jabuti, o mais importante do Brasil, recebeu outros, entre eles o Camões, em 2003.

Conservador, Rubem Fonseca apoiou o golpe militar de 1964 e era homofóbico declarado. Faria 95 anos em Maio.

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