sexta-feira, 13 de março de 2020

EM QUE FICAMOS?

Evite sair de casa / Saia de casa apenas em situações excepcionais devieram mantra.

Percebo e concordo que se desencoraje a frequência de escolas, ginásios, feiras, salas de espectáculo, instalações desportivas, casas de diversão nocturna, museus, igrejas, bares, grandes armazéns, etc. Mas não sair de casa significa não ir à farmácia, ao talho, à padaria, ao supermercado, à mercearia, ao quiosque de jornais e revistas, ao médico, ao veterinário, etc.

Muita gente pode trabalhar em casa, sabemos que sim, mas todos temos de continuar a alimentar-nos, a consultar o médico que nos monitoriza a hipertensão, a diabetes ou a tola, a dar assistência à mãe ou ao pai, e por aí fora. O trivial.

A Internet é eficaz, com certeza, mas não resolve tudo. E, para um terço da população (estou a ser generoso), o seu uso é tão abstruso como o Tractatus Logico-Philosophicus de Wittgenstein.

Ora bem. Daqui a três ou quatro meses, quando o país estiver imerso em Covid-19, fará sentido organizar formas comunitárias de solidariedade colectiva. Para já, se não querem açambarcamentos, têm de deixar espaço às necessidades básicas.

Podemos adiar os gangbangs, os concertos, a bola, as viagens, as aulas de pilates, a catequese, etc., mas temos de continuar a comer e a lavar as mãos (o sabão não cai do céu nem é distribuído porta a porta pelas autarquias), agindo como povo civilizado.

É imperativo fazer coincidir o discurso com a realidade.