sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

NOS 80 ANOS DE YVETTE K. CENTENO


Yvette K. Centeno faz hoje 80 anos. Não é todos os dias que temos o prazer de celebrar o 80.º aniversário de um grande autor. A data está a ser assinalada pela Antena 2. Esta manhã, foi transmitida uma entrevista feita por Paulo Alves Guerra e, ao longo do dia, textos de Yvette K. Centeno serão lidos por Fernando Jorge Oliveira.

Filha de mãe polaca e pai português, Yvette K. Centeno nasceu em Lisboa em 1940. Poeta, ficcionista, dramaturga, ensaísta e tradutora, publicou há poucos meses a sua poesia reunida (1961-2018), Entre Silêncios, editada pela Glaciar.

Professora catedrática jubilada da Universidade Nova de Lisboa, de que foi uma das fundadoras, é considerada a mais importante especialista portuguesa em simbologia. Sirvam de exemplo os seminários que orientou sobre a filosofia hermética em Pessoa. Em 1980 criou o Gabinete de Estudos de Simbologia (UNL) e, em 1994, na Fundação Calouste Gulbenkian, o ACARTE, ou seja, o Serviço de Animação, Criação Artística e Educação pela Arte. Orientou seminários e proferiu conferências em diversas universidades estrangeiras, casos de Harvard, Brown, Massachusetts Dartmouth, Tulane, Oxford, Londres, Berlim, Colónia, Paris, Madrid e outras. Foi ainda co-fundadora do CITAC da Universidade de Coimbra.

Além do supracitado «Entre Silêncios», volume da poesia reunida, destaco da sua vasta bibliografia: Quem Se Eu Gritar (1962), As Palavras Que Pena (1972), Os Jardins de Eva (1998), Do Longe e do Perto (2011, diário), No Rio da Memória (2017, memórias), A Alquimia e o Fausto de Goethe (1982), Fernando Pessoa: o Amor, a Morte, a Iniciação (1984), Literatura e Alquimia (1987), A Arte de Jardinar. Ensaio de Literatura Comparada (1991). Mas sobram as peças de teatro, das quais destacaria As Três Cidras do Amor (1991), os livros de literatura infantil e, naturalmente, muitos mais títulos de ficção e ensaio.

Criadora, professora, estudiosa da mística judaica, consultora de organismos culturais nacionais e estrangeiros, Yvette K. Centeno ainda arranjou tempo para traduzir Goethe, Celan, Brecht, Stendhal, Char, Fassbinder, etc.

Tendo vivido largas temporadas em Paris (onde privou com Prévert e Michaux) e uma parte da infância em Buenos Aires, Yvette K. Centeno foi agraciada ao mais alto nível pela França e pela Alemanha, mas, nem por isso, deixa de ser uma das personalidades mais discretas da vida cultural portuguesa.

Parabéns, Yvette.

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